A Governadora Civil de Faro, Isilda Gomes, apelou, esta quinta-feira, a um grupo de 60 jovens dos ensinos secundário e profissional, para que invistam no diálogo como forma de promoção de direitos e de igualdades.
Reiterando a sua opinião sobre o forte dinamismo e preocupação da juventude algarvia relativamente às questões sociais, Isilda Gomes, que falava durante o encontro “Diálogo e Compreensão Mútuos: Direitos e Igualdades”, realizado em parceria pelo Governo Civil e a Direcção Regional do Instituto Português da Juventude (IPJ) com a presença da Secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, considerou fundamental a existência de espaços para que os jovens possam discutir esta temática.
“Temos de ouvir os jovens e admitirmos que há muito para aprender com eles, através de uma franca abertura ao diálogo e à compreensão mútua, caso contrário estaremos a cavar um fosso entre gerações, a qual dificilmente será ultrapassada”, salientou a Governadora Civil, para alertar sobre os eventuais efeitos nefastos para o diálogo associados às novas tecnologias.
“Temos de criar estas vias de comunicação e de diálogo, pois hoje os jovens já quase não dialogam presencialmente” sustentou Isilda Gomes, considerando que, apesar de essenciais as novas tecnologias não podem contribuir para a ausência de camaradagem, de convívio e de emoção, tendo apelado por isso a uma participação mais activa dos jovens nos movimentos associativos enquanto plataforma para a construção de uma sociedade mais solidária e inclusiva.
Um objectivo traçado aliás pelos alunos que participaram ontem no workshop sobre Direitos e Igualdades, cujas conclusões foram apresentadas hoje na sessão realizada no Salão Nobre, onde consideraram a necessidade de uma maior intervenção da sociedade no combate a fenómenos como a descriminação, a fome, a pobreza e ainda na promoção dos direitos humanos.
Uma preocupação elogiada pela Secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, que felicitou o grupo de jovens provenientes da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa e da Escola Profissional Francisco Gomes de Avelar, pela forma como abordaram estas questões, nomeadamente com a recitação dos poemas “Lágrima de Preta”, de António Gedeão e “Fala do Velho do Restelo ao Astronauta”, de José Saramago.
“Não há melhor maneira de fazer passar uma mensagem do que rodeá-la de poesia, porque na poesia conseguimos dizer muitas coisas com poucas palavras”, observou Elza Pais, que durante o encontro promovido no âmbito do Ano Internacional da Juventude relembrou a forte descriminação de que têm sido vítimas, ao longo da história da humanidade, alguns grupos mais fragilizados como as mulheres, os idosos, as pessoas com deficiências e as minorias étnicas ou religiosas.
“Vivemos num espaço europeu de afirmação dos direitos humanos e sei que teremos a resistência necessária e suficiente para continuar a salvaguardar estes pilares da União Europeia, que são os pilares dos direitos humanos”, referiu a Secretária de Estado, para frisar que, associado ao desenvolvimento económico preconizado para a Europa, há um objectivo que não poderá ser descurado.
“Queremos um espaço competitivo e desenvolvido, mas não nos podemos compadecer com atropelos aos direitos humanos para chegar ao desenvolvimento, como acontece em algumas partes do mundo, onde as mulheres são apedrejadas e as pessoas trabalham quase 24 horas por dia por uma malga de arroz”, salientou, para elogiar os jovens presentes no encontro pela sensibilidade demonstrada sobre esta questão.
“Mais do que ser o futuro, vocês já estão a construir o futuro, aqui e agora”, sublinhou Elza Pais, que aproveitou o encontro para salientar as políticas lançadas pelo Governo no sentido de promover os direitos e as igualdades.
Durante o encontro que contou com a presença da Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e membros do Conselho Coordenador da Administração Central, também a Governadora Civil destacou a forte preocupação do Governo relativamente à área da Juventude e reconheceu o empenho das Direcções Regionais da Educação e do IPJ na concretização de estratégias e de projectos que têm permitido, respectivamente, elevar a qualidade do ensino e a participação dos jovens na sociedade.
“Temos todas as condições para reforçar a nossa esperança num Algarve com um grande futuro, porque os jovens são a nossa grande mais-valia e a nossa fonte de preocupação”, referiu Isilda Gomes.
No âmbito do encontro, que teve inicio com a actuação da Real Tuna Infantina da Universidade do Algarve, também a Directora Regional do IPJ, Sara Brito, elogiou os jovens algarvios pelo altruísmo revelado nas questões sociais, tendo observado que, muitas vezes os mais novos só não participam, porque não lhes são proporcionadas oportunidades e o direito à palavra.
A oportunidades e direitos referiu-se ainda o Director Regional Adjunto da Educação, Eduardo Dias, que relembrou os períodos da história portuguesa, até à primeira metade do século XX, em que ser jovem significava sobretudo não ter direitos e ser vítima de uma profunda desigualdade de géneros.
O encontro foi promovido no âmbito do Ano Internacional da Juventude, que decorre de Agosto de 2010 a Agosto de 2011, com o objectivo de dinamizar o diálogo e a compreensão entre gerações e promover os ideais da paz, do respeito pelos direitos humanos, pela liberdade e pela solidariedade.
