sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ministro da Agricultura: Aquicultura pode ser uma alternativa à pesca tradicional no Algarve



O ministro da Agricultura, Desenvolvimento Regional e Pescas António Serrano considerou hoje que a aquicultura no Algarve pode constituir-se como uma alternativa viável à pesca tradicional, aproveitando as boas condições da região.
O governante disse à Agência Lusa que durante a manhã esteve em Sagres e Vila do Bispo "a contratar com pescadores, na ordem dos quatro milhões de euros, investimentos dirigidos à aquacultura, promovendo uma actividade que está em expansão e tem grande futuro no Algarve".
"É uma actividade complementar à pesca tradicional, porque num contexto em que temos dificuldades no acesso a reservas de espécies, porque têm que ser mantidas e algumas estão em extinção, como sabemos, há uma dificuldade cada vez maior nesse sentido, de pescadores que ficam afastados de acesso a um conjunto de espécies, esta alternativa da aquicultura é fundamental porque abre novas perspetivas", defendeu António Serrano.
O ministro frisou que atualmente "metade do peixe consumido no Mundo já é proveniente da aquicultura" e "o Algarve pode-se posicionar como uma das principais regiões da Europa de produção deste tipo de alternativa", aproveitando "a qualidade da água, com muito plâncton para alimentação dos moluscos bivalves, e uma capacidade em termos de temperatura média acima do que acontece noutros países, o que antecipa em um ano o ciclo de produção".
António Serrano reuniu-se depois em Faro com agricultores, que manifestaram ao ministro as suas preocupações, entre elas a necessidade de escoar melhor os produtos.
O governante disse que os agricultores têm que se agrupar e que o ministério apoia essa concentração, para permitir a criação de "um programa de internacionalização que ajude as organizações de produtores com dimensão para colocar também o produto no mercado internacional, para não estarem só dependentes do mercado nacional".
"É bom que vendam nacionalmente, mas também abrir os horizontes para outros países, e até bem próximos de nós, que têm capacidade de aquisição. Nesse sentido, o governo está a trabalhar e este semestre vamos ter um programa de apoio à internacionalização das empresas no sector agrícola, incluindo também as pescas, a pecuária e as florestas", explicou.
Confrontado com as queixas dos agricultores devido aos prejuízos causados pelo mau tempo, Serrano disse que, no Algarve, "a área abrangida não teve um impacto regional forte como por exemplo no oeste, em que mais de 80 por cento ficou destruído".
"Aqui temos uma variação à volta de sete oito por cento de área disponível, o que é insuficiente para ativar aquela medida, no entanto continuamos a avaliar tecnicamente os prejuízos que aqui tivemos, com prejuízos pontuais que tivemos noutros pontos do país, para podemos eventualmente despoletar uma medida que abranja todas estas situações", precisou.
O programa do ministro terminou com o lançamento da primeira pedra de uma fábrica de processamento de semente de alfarroba em Faro, que irá criar 19 postos de trabalho, e com a entrega de contratos do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) em várias áreas, no valor de quase oito milhões de euros.
Lusa

Gripe A: Jovem recupera após quatro meses em coma no Hospital de Faro


A recuperação de um jovem com Gripe A que esteve em coma na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Faro cerca de quatro meses surpreendeu os médicos e está a ser estudada e documentada.
Renato Pedro tem 30 anos, está na UCI desde 26 de agosto e, segundo a diretora clínica do Hospital de Faro, Helena Gomes, "tem passado por situações muito complexas, desde a falência cardiorrespiratória à falência multiórgãos", que as equipas médicas "têm conseguido reverter".
"A evolução da situação é atípica. Deixou-nos em muitos momentos perplexos perante a resposta. Estamos a documentar toda a situação, desde os registos evolução foi perfeitamente inesperada e atípica", afirmou a responsável clínica do Hospital de Faro.
Helena Gomes explicou que o doente já está "há várias semanas fora do coma" e "a situação que deriva da falência multiórgãos está ultrapassada", mas frisou que "há sequelas a que essa falência conduz, nomeadamente o eventual compromisso cerebral, que ainda não é percetível porque não é possível fazer um exame neurológico completo".
"Os exames dão-nos indicação de algumas alterações, mas precisamos de saber que repercussão funcional elas têm na sua vida", acrescentou a médica, precisando que o doente já "responde a ordens, compreende, consegue ler, mas não consegue responder" e "não tem movimentos ativos nas mãos, braços e membros inferiores".
A diretora clínica do hospital disse que, apesar de haver alguma "instabilidade da parte respiratória", o doente poderá nas próximas semanas deixar a UCI e passar a ter acompanhamento na área da reabilitação.
Para a responsável, a melhoria ficou a dever-se a "um trabalho de vigilância e discussão entre os membros da equipa do Hospital com outros hospitais", incluindo "comunicações para fora do país".
"Estamos todos a trabalhar no sentido de recuperar a funcionalidade, ou seja que ele volte novamente a ser capaz de comer, de deglutir, de responder, de movimentar, de controlar voluntariamente os seus gestos", afirmou Helena Gomes, manifestando a convicção de que o doente continuará a "melhorar progressivamente".
Questionada se o estudo e documentação da evolução deste doente pode vir a ajudar outras pessoas na mesma condição, Helena Gomes respondeu: "Presumo que sim".
"A informação ainda não está toda tratada, no final tentaremos tratá-la toda, e depois discuti-la em reuniões médicas internamente no hospital e entre os pares, nos colégios da especialidade, nas reuniões médicas, nos congressos, nas revistas científicas", acrescentou.
A diretora clínica do Hospital de Faro disse que "não é normal (a informação) ser tratada pela autoridade de saúde", mas se o Ministério ou a Direção Geral de Saúde solicitarem ela ser-lhes-á fornecida.
Lusa

Despesa com medicamentos cresceu em 2009 mais 80% do que o previsto


A despesa do Estado com os medicamentos nas farmácias, no ano passado, cresceu 6,3 por cento, para os 1,5 mil milhões de euros, o que revela um aumento de 80 por cento face ao crescimento previsto no Orçamento de 2009.
A ministra da Saúde vai hoje ao Parlamento, no âmbito das audições ministeriais sobre o Orçamento do Estado para 2010, explicar que este desvio de 80 por cento nos gastos com os medicamentos nas farmácias foi motivado pelas medidas tomadas para promover os genéricos e aliviar a fatura dos doentes.
"A despesa do Estado com medicamentos nas farmácias em 2009 foi de 1,5 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 6,3 por cento relativamente a 2008", explica o Ministério da Saúde, em resposta à agência Lusa. O limite inscrito no Orçamento do Estado para 2009 previa que os gastos com os remédios nas farmácias não ultrapassassem os 3,5 por cento, pelo que a subida de 6,3 por cento representa um desvio de 80 por cento face ao orçamentado.
A equipa de Ana Jorge argumenta que "o aumento da despesa deve-se, na quase totalidade, a dois fatores: por um lado, ao aumento da comparticipação a 100 por cento dos medicamentos genéricos para pensionistas e, por outro lado, ao facto de não se refletir no preço de referência a baixa do preço dos genéricos".
Se não tivessem sido introduzidas sucessivas exceções na lei que regula as comparticipações, os doentes que comprassem medicamentos inovadores, quando há concorrência dos genéricos, teriam passado a pagar mais.
"Estes dois fatores justificaram um aumento da despesa de cerca de 75 milhões de euros, o que significa que, caso não se tivessem verificado, o aumento da despesa do Estado com medicamentos nas farmácias, em 2009, teria crescido apenas 0,2 por cento", garante a tutela.
Para este ano, o Governo decidiu não inscrever um limite para o crescimento dos gastos com medicamentos nas farmácias, optando por negociar com a indústria farmacêutica um "protocolo, ou outra forma de acordo", para colocar um teto à despesa pública nesta área. Até novembro - os últimos dados disponíveis - os hospitais tinham gasto 473 milhões de euros em medicamentos.
Para os "medicamentos nas farmácias não está qualquer meta estabelecida no articulado [do Orçamento do Estado para 2010] e qualquer evolução deve ter em conta não só as dinâmicas de mercado como as medidas de política a adotar".
Outra das novidades é o recuo face à intenção anunciada pela própria ministra da Saúde, num congresso da Associação Nacional das Farmácias, em 2008, de permitir que os produtores, distribuidores e vendedores de medicamentos ajustassem entre eles as margens dos medicamentos.
Apesar de não mudar os encargos nem para o Estado nem para os doentes, a liberalização das margens iria favorecer as farmácias, que ganhariam mais poder negocial, principalmente no mercado dos genéricos. "O Estado não encoraja a liberalização das margens dos medicamentos nem essa proposta está a ser analisada", assegura agora o ministério.
Lusa

Milhares de pessoas em manifestação a favor do referendo ao casamento homossexual


Milhares de pessoas desceram hoje a avenida da Liberdade, em Lisboa, e encheram meia praça dos Restauradores, numa manifestação convocada pela Plataforma Cidadania e Casamento a favor do referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"Casamento é entre homem e mulher" e "a família unida jamais será vencida" foram algumas das palavras de ordem ouvidas enquanto a manifestação, que partiu pouco depois das 15:00 da praça do Marquês de Pombal, descia a avenida mais conhecida de Lisboa.
Segundo disse fonte da organização à agência Lusa, estiveram presentes na manifestação "mais de cinco mil pessoas".
Os agentes da PSP presentes no local não adiantaram qualquer número, remetendo para o comando distrital, o qual não foi possível contactar até ao momento.
Junto ao cinema São Jorge, sensivelmente a meio da avenida da Liberdade, uma pequena 'contra manifestação' com cerca de meia centena de pessoas, esperava a iniciativa organizada pela Plataforma Cidadania e Casamento, o que gerou alguma tensão e levou à mobilização de um maior número de agentes para o local.
Empunhando cartazes dizendo "Inveja é pecado" e "Eu não votei no vosso casamento (nem quero)", a concentração a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo ocupava a varanda do cinema São Jorge e o passeio da avenida da Liberdade acenando com bandeiras com as cores do movimento gay, atirando 'confettis' e serpentinas e tocando tambores.
A passagem de alguns elementos do Partido Nacional Renovador (PNR) gerou uma troca de palavras mais acesa, mas o que parecia vir a tornar-se um incidente foi controlado pela PSP.
À Lusa, Rui Duarte, um dos presentes na 'contra manifestação', disse que a iniciativa surgiu de "um grupo de amigos que acha inadmissível tentar dar-se uma ideia de força numa manifestação contra uma minoria".
O manifestante, de 29 anos, adiantou que a concentração foi convocada por mensagem de telemóvel e pelas redes sociais e não partiu de nenhuma associação LGBT em concreto, apesar de estarem vários membros presentes na avenida da Liberdade.
Na manifestação da Plataforma Cidadania e Casamento marcaram presença figuras públicas como o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, o general Garcia Leandro, o deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro e os antigos deputados centristas Luís Nobre Guedes e José Paulo de Carvalho, Dom Duarte Pio ou o reitor da Universidade Católica, Manuel Braga da Cruz.
Já na praça dos Restauradores, cartazes com frases como "Pelo casamento, pela família, exigimos o referendo" ou "A família é sagrada não cabe ao Estado laico destruí-la" e bandeiras de Portugal e da monarquia, agitaram-se ao som do êxito das Sister Sledge, "We are family".
Lusa