domingo, 26 de dezembro de 2010

ADEUS ZÉ - DEIXAS O JORNALISMO MAIS POBRE


Soube logo pela manhã, mas, ao contrário do que é meu hábito, invadido pela tristeza e desânimo, faltou-me a vontade para escrever estas linhas noticiando a morte do meu companheiro de tantos anos de luta, até desde o início do Algarve Press, José Mealha, vítima de doença prolongada. Á família enlutada quero transmitir os meus mais profundos sentimentos, até porque também o jornalismo ficou ainda mais pobre.
Esta madrugada faleceu, no Hospital de Faro, mais uma figura algarvia. Desta feita foi um jornalista de todos os costados, com quem eu tive a sorte de trabalhar nos últimos cerca de 30 anos, apesar de já o conhecer há muitos mais, desde os tempos do Racal Clube de Silves.
O Zé escreveu e falou para vários jornais e rádios nacionais, regionais e locais, esteve nos primórdios das então rádios "piratas", depois legalizadas como "locais", onde, nomeadamente na saudosa Rádio ASA - Antena Sul Algarve, também se destacou nas tardes e noites gloriosas das transmissões do Farense na I Divisão, Final e Finalíssima da Taça de Portugal e na Taça UEFA.
Falar do José Mealha, sendo fácil pelo seu precurso e valor no jornalismo, é tão difícil para mim nestas horas, pois recordo décadas de trabalhos conjuntos, no Algarve e além-fronteiras, onde nomes como Bernardino Martins, Miguel Santos, Horácio David, Zé-Zé e Nuno Lopes Martins, António Vieira, Alfredo Pereira, Dário Simão, José Pereira, Marco Fernandes, Marcelino Viegas, João Leal, Neto Gomes, Luís Livramento e tantos outros estão ligados de forma indelével.
Nestas horas, companheiro Zé, apetece-me afirmar, perguntando: Porque será que, nós, os jornalistas, através dos nossos trabalhos, levamos tantos anos a dar protagonismo e a promover a nossa terra e gente, do desporto à política, economia ou cultura, e quando mais precisamos, a não ser a companhia dos nossos mais chegados, sentimo-nos sempre tão sós? Como tu titulavas os teus artigos de opinião no jornal O Algarve: "Perguntar não Ofende" , até porque, como eu também titulava os meus no mesmo jornal, o barrete só enfiará na cabêça dos: "Trambolhos".
Que Deus guarde a tua alma, já que, nós, cá na terra, especialmente aqueles que, como eu, trabalhámos e privámos tão de perto contigo, não te esqueceremos!
Manuel Luís