segunda-feira, 22 de novembro de 2010

UAlg e Cineclube de Faro promovem “Desassossego” literário e cinematográfico



O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa vai ser debatido numa mesa-redonda, às 18h00 de sexta-feira, dia 26, no Club Farense. Este evento conta com a participação do realizador João Botelho, de Richard Zenith, um dos maiores especialistas pessoanos, estando a moderação a cargo de João Minhoto Marques, docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da Universidade do Algarve. Mais tarde, às 21h00, no Grande Auditório da UAlg, no Campus de Gambelas, será projectado O Filme do Desassossego, a mais recente obra cinematográfica de João Botelho. Esta dupla iniciativa resulta de uma parceria entre a UAlg e o Cineclube de Faro.
Sobre a mesa-redonda Livro do Desassossego, Richard Zenith
Richard Zenith é um freelancer que se dedica à escrita, à investigação e à tradução. Especialista em Fernando Pessoa, os seus trabalhos mais recentes neste domínio incluem o texto de Fotobiografias – Século XX: Fernando Pessoa (Círculo de Leitores/ Temas e Debates 2008), a organização do Livro do Desassossego (8.ª ed., Assírio & Alvim, 2009) e a co-curadoria da exposição Fernando Pessoa: Plural Como o Universo (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, 2010).
Na introdução à primeira edição do Livro do Desassossego, Richard Zenith refere: «o que temos aqui não é um livro mas a sua subversão e negação, o livro em potência, o livro em plena ruína, o livro-sonho, o livro-desespero, o anti-livro, além de qualquer literatura. O que temos nestas páginas é o génio de Pessoa no seu auge».
Já na oitava edição, o Livro do Desassossego continua a surpreender Richard Zenith. «O que mais me espanta e atrai no Livro do Desassossego é, por um lado, a candura de expressão da alma que se auto-descreve - alma que é de Bernardo Soares, de Fernando Pessoa e de nós próprios, os leitores do livro e, por outro, «a poeticidade e a precisão daquela prosa ímpar. Lendo os trechos em voz alta é que se percebe essa qualidade poética, por exemplo, na cadência das frases e nos efeitos sonoros».
«Pessoa defendia que um espírito livre, uma inteligência viva, seria naturalmente flexível, mudando de opinião e de ponto de vista ao invés de ficar entrincheirado sempre nas mesmas ideias”. Para Fernando Pessoa, «a norma é que não existem normas nenhumas». Como especialista pessoano, Zenith contorna essa aparente contradição da seguinte maneira: «tento acompanhar este espírito livre que era Pessoa, explorando o seu vasto ser, sem tentar enquadrá-lo ou explicá-lo de modo "definitivo". Eu próprio, vou assumindo pontos de vista diferentes, realçando ora uma, ora outra faceta do poeta e da sua obra».