sábado, 5 de junho de 2010

PAPEL DAS MULHERES NA PRIMEIRA REPÚBLICA É TEMA DE TERTÚLIA E ESPECTÁCULO DE DANÇA


No âmbito das comemorações do Centenário da República no Concelho de Loulé, realiza-se na próxima terça-feira, 8 de Junho, às 18h00, no Convento de Santo António, uma tertúlia republicana sobre o papel desempenhado pelas mulheres durante a Primeira República em Portugal, com a especial evocação de Maria Veleda e Maria Lamas, através de duas dançarinas que irão interpretar os seus papéis com os seus movimentos de dança.
Esta tertúlia terá a participação de Natividade Monteiro (historiadora e investigadora) e Zília Osório de Castro (professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa), ambas ligadas à História das mulheres portuguesas.
Segue-se o espectáculo de dança “Solos com convicção”, em que duas bailarinas/criadoras cruzam as suas vidas com as vidas de algumas mulheres que se destacaram pelas suas convicções e empenho na concretização da revolução republicana.
O primeiro dos “Solos com convicção”, intitulado “23+1”, trata-se de uma instalação performativa que parte essencialmente da vida e obra de Maria Veleda, mulher pioneira na luta pela educação das crianças e os direitos das mulheres. Uma imagem fotográfica em tamanho real deixa vago o lugar de Veleda, essa que foi uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português. Um lugar a ocupar por um trabalho de integração do corpo real na imagem. Textos de Maria Veleda dão som a esta obra que tem concepção/interpretação de Cláudia Dias e investigação/concepção de Mónica Mota.
Num segundo solo - “Morro onde me prendo” - é a belíssima obra da Maria Lamas as “Mulheres do Meu País” que vai estar em destaque. E é cada vez mais sobre aquela frase “morro onde me prendo” que é o ponto de união entre todas as mulheres que lutaram pelo ideário republicano. Este solo é sobre intervir, sendo uma mulher: ter no corpo ideias, utopias e propostas por conceber, mas não saber como as materializar. É também sobre o desaparecimento das mulheres. “Olho para o espaço e nele há coisas em que queria intervir. O primeiro impulso é mudá-las de lugar. Mas quando vejo melhor, percebo que isso é nada, ou uma repetição, com aparência de mudança suada. Sinto que a mudança acontece de dentro para fora, no exercício de abrir os olhos ou redireccioná-los até encontrar o lugar vago no espaço” (S.G.). Este solo concebido e interpretado por Susana Gaspar tem música de Vítor Rua.
Ambos os espectáculos têm coordenação e assistência de coreografia de Miguel Pereira.