segunda-feira, 25 de julho de 2011

AS PORTAGENS: O DITO E O PUBLICADO

Esclarecimento do edil de Faro, Macário Correia, que transcrevemos na íntegra:
“Na passada terça-feira 19, pediram-me opinião sobre esta eventualidade na Via do Infante. Disse, tal como o venho dizendo desde 2004 que tal medida é injusta e geradora de graves problemas para o Algarve.
Acrescentei ser contra, como sempre fui, mas que nas graves circunstâncias das finanças públicas, compreendo as ansiedades do Governo, na linha do anterior, mas agora com condições muito piores, como é público e notório.
Disse o evidente, tal como muitos outros pensam.

A partir dai uns órgãos de informação publicaram exactamente isso, com rigor e fidelidade, no entanto em outros li e ouvi observações de comentadores, totalmente desvirtuadas e colocando-me como autor do que não disse. Excederam-se atacaram-me sem razão. Até no plano do carácter.

Disseram que era a favor das portagens porque o Governo é agora do meu partido e que as condições agora são as mesmas do princípio do ano. Convenhamos que quem diz isto, não está a ser rigoroso.


Sejamos claros no seguinte:
1 – Em lado algum disse que era a favor das portagens na Via do Infante, nem no passado, nem agora.
2 – Em 2004/2005 com o PSD no Governo estive, como hoje contra as portagens, portanto o argumento do partido não serve, embora fosse útil para alguns. Sempre e durante este ano disse, várias vezes que o PSD não estava a tomar a melhor atitude.
3 – Note-se que em 2009 na campanha eleitoral legislativa o PS e o PSD no Algarve eram contra as portagens.
Na campanha de 2011 não estavam contra, apenas sugeriam condições quanto ao pagamento.
4 – Candidatos e deputados dos partidos do anterior e do actual Governo assumiram nos últimos meses a inevitabilidade das portagens, tal como dirigentes empresariais. Antes não diziam isso. Houve evolução, ainda que a contragosto, obviamente.
5 – A Plataforma contra as portagens teve um leque alargado de entidades no princípio do ano, mas depois encurtou muito nos aderentes às iniciativas e objectivos. É factual e indesmentível.
6 – No princípio do ano não haviam pórticos. Agora estão lá e afinados para a cobrança. Só não começaram em Abril, por conveniência eleitoral.
7 – No princípio do ano, ainda não estava cá a troika, não tínhamos o problema do rating como agora, nem se falava no corte do subsídio de Natal, no aumento dos transportes, na redução de serviços do Estado e outras decisões excepcionais. O défice público agravou-se.
Ver o que está escrito no ponto 3.18 do Memorando da Troika, assinado a 3 de Maio e para entrar em vigor no 3º trimestre, com o acordo do PS, PSD e CDS.
Levamos a sério ou estamos a fazer demagogia?
Dizer que as condições não mudaram não é verdadeiro, nem honesto.
Não mudou apenas o Governo, mudaram muitas outras realidades e circunstâncias à vista de todos. E para pior.
8 – Portanto as condições para hoje lutar com êxito contra as portagens não são as mesmas que há anos, ou há quatro ou cinco meses. É ou não é verdade?
As nossas convicções, não podem deixar de ser sérias, e por isso com honestidade não se pode negar a realidade.
9 – Por vezes, estar calados e fazer jogo sonso, não dando a cara, leva-nos a passar despercebidos, com cobardia e com a viola no saco.
De outro modo, com seriedade, pode-se dizer o óbvio com frontalidade e sem medo.
Pode-se ser honesto e coerente dizendo a verdade, ainda que isso não seja o mais cómodo.
O rigor exige-se a todos. Aos políticos e aos que escrevem a respeito do que os políticos dizem.
Reconheci factos evidentes, não os escondendo. Será isto condenável?
Sejamos todos responsáveis”, conclui o documento do autarca.

José Macário Correia
Presidente da Câmara Municipal de Faro