segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Loulé: SONS DO MAGREBE E MÉDIO ORIENTE NO ARRANQUE DO X FESTIVAL DE MÚSICA AL-MUTAMID


A cidade de Loulé volta a estar na rota do Festival de Música Al-Mutamid e este ano o evento arranca mesmo no Convento de Santo António, dia 16 de Janeiro, pelas 21h30, com um espectáculo do grupo Beth Nahrin, que irá trazer músicas do Magrebe e Médio Oriente.

Mesopotâmia (do antigo arameu Beth Nahrin “Entre rios”) é o nome pelo qual é conhecida a Zona do Próximo Oriente entre os rios Tigre e Eufrates e que coincide aproximadamente com as áreas não desérticas do actual Iraque. Beth Nahrin é também o nome de um grupo de música que tem como referência o laudista e cantor iraquiano – Khalid Kaki.

Khalid e o grupo Beth Nahrin apresentam um programa baseado na música tradicional de Iraque que se inspira em poemas místicos da tradição árabe, persa e curda. Khalid Kaki (oud árabe e voz) far-se-à acompanhar por Jawad Ibix (violino), Salagh Sabbagh (darbouka e deff), Luis Aalae (deff) e Sonia Alejandre (dança oriental).

Refira-se que o Festival de Música Al-Mutamid, que assinala dez anos de existência, pretende recordar o rei poeta Al-Mutamid, filho e sucessor do rei de Sevilha Al-Mutadid. Muhammad Ibn Abbad (Al-Mutamid) nasceu em Beja (1040) e foi nomeado governador de Silves com apenas 12 anos, tendo aí passado uma juventude refinada. Em 1069 acedeu ao trono de Sevilha, o reino mais forte entre os que surgiram em Al-Andaluz após a queda do Califato de Córdoba. Em 1088 foi destronado pelos almorávides e recluído em Agmat, a sul de Marrakech onde viria a falecer em 1095. O seu túmulo, conservado até hoje, tornou-se símbolo dos mais belos tempos de Al-Andaluz.

Excelente poeta, “Al-Mutamid foi o mais lberal, magnânime e poderoso de todos os taifas de Al-Andaluz. O seu palácio foi a pousada dos peregrinos, o ponto de reunião de todos os engenhosos, o centro a donde se dirigiam todas as esperanças…” (Ibn Jaqan).

A música e a poesia acompanhavam em Al-Andaluz qualquer festejo. Os habitantes do sul de Al-Andaluz, em particular de Sevilha, eram elogiados pela sua habilidade na interpretação de vários instrumentos: o alaúde, a cítara, a harpa, a guitarra e as flautas.

Durante as festas nocturnas organizadas em Silves, Sevilha e outras cidades, oferecia-se aos convidados um espectáculo de canto e baile, ao som de uma orquestra formada por homens e mulheres.

Deste modo, o que se pretende com este Festival é dar a conhecer ao espectador o que foi a música andalusa, com actuações de grupos que se especializaram no resgate dos sons de Al-Andaluz: música árabe, em especial de Marrocos, e grupos que interpretam com esmero a rica tradição do oriente muçulmano, bem como peças do medievo e renascimento europeus.

Esta iniciativa visa resgatar e divulgar a música e a poesia que durante séculos inundou bazares, medinas e palácios, mas também responder a uma oferta turística dotada de peso cultural, complemento das ofertas tradicionais, dando a conhecer povoações e outros lugares de interesse que, por diversas razões, estão ligadas à civilização andalusa.