A cerimónia da condecoração, realizada na Praça da República, em pleno coração da cidade, foi presidida pelo Chefe de Estado-Maior do Exercito, General, José Luís Pinto Ramalho.
O Presidente do Município de Tavira, Jorge Botelho, no seu discurso, referenciou a importância militar, em Tavira, “tradições muito antigas e que tiveram grande influência na protecção Praças Portuguesas do Norte de África e na conquista de Ceuta”.
“No momento em que o RI 1 leva a efeito as comemorações dos 215 anos de ocupação do Quartel da Atalaia, sendo por isso um marco importante da Instituição Militar e do Município de Tavira, tanto mais que é com conforto e alegria que os tavirenses convivem diariamente com esta Instituição.
O chamado Quartel da Atalaia foi mandado construir em 1785 pela Rainha D. Maria I. Uma legenda de uma planta da cidade de Tavira, levantada pelo Brigadeiro, Engenheiro Militar, José Sande Lemos, entre 1798 e 1800, pode ler-se:
- Quartel que se está fazendo, tendo sido mesmo construído para o Regimento de Infantaria, em Tavira”.
Referiu as várias Unidades que aqui estiveram sediadas, até à instalação da actual, o Regimento de Infantaria 1, em 1 de Abril de 2008, contribuindo desde então de forma indelével para a formação dos militares, integrantes dos contingentes que têm representado Portugal em inúmeras missões internacionais, intervindo de forma empenhada em diversas acções de protecção civil e de defesa das florestas do barrocal e das serras do Algarve, contra incêndios, desempenhando papel activo na vida cultural da cidade e da região. Valorizando o vasto património edificado e histórico, através de iniciativas de âmbito literário e artístico que merecem todo o nosso reconhecimento.
Uma palavra de grande apreço e estima pelo actual Comandante do RI 1, Coronel, Nuno Pereira da Silva que soube, pela sua elevada inteligência e eficaz trabalho, mostrar em pouco tempo, quanto a Instituição Militar faz falta a Tavira, tanto no campo afectivo, no campo cultural e operacional, com disponibilidade permanente para colaborar com a vida desta comunidade e de outras comunidades do Algarve.
Toda esta história, entre a vivência das populações com os militares, em Tavira e em reconhecimento pelos contributos e pela acção do Exército Português, no desenvolvimento desta terra e do Algarve, levou a que este Município na sua Sessão da Assembleia Municipal de 27 de Abril, último, decidisse atribuir a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, ao RI 1 e ao Exército Português.
É com grande apreço que reconhecemos desta forma simbólica e singela a elevada importância da Instituição Militar para a nossa terra”.
O Comandante do RI 1, Coronel, Pereira da Silva, no seu discurso, depois de referir quanto importante era a presença das Entidades e convidados, dirigiu-se aos representantes das Ligas dos Combatentes; “a vossa presença nesta cerimónia é um sinal inequívoco de que a ligação entre o passado e o presente é uma realidade. Hoje, é um dia de festa para o RI 1, por ter sido distinguido com a Medalha de Mérito de Tavira, grau Ouro. Esta distinção significa que a cidade reconheceu que o Regimento e a presença dos militares nesta terra, são importantes e indissociáveis da mesma.
Foi de Tavira que partiram os militares para o Norte de África, para a conquista de Ceuta e de Argila. Foi também de Tavira que partiram com D. Sebastião os contingentes para o Norte de África. Foi, em Tavira que, na messe de oficiais, nas Olarias, eram operados os militares que vinham feridos das campanhas do Norte de África, tendo-se ai constituído uma Escola de Cirurgia, pioneira no País. Foi na região de Tavira que desembarcaram as tropas liberais que conquistaram Lisboa em 24 de Junho e que hoje vamos fazer o lançamento do livro “O Algarve e as Guerras Liberais” onde focamos esse aspecto. Deste aquartelamento, saiu também, uma unidade escalão Batalhão para combater na Grande Guerra. Foi ainda neste aquartelamento que mais recentemente, se formaram milhares de Furriéis Milicianos que alimentaram as campanhas da guerra de África no Ultramar. Foi igualmente no Quartel da Atalaia que se formaram os oficiais contratados que alimentaram os quadros técnicos do nosso Exército. Presentemente, o RI 1, Unidade que tenho muita honra em comandar e que está actualmente aquartelado em Tavira, ministra o treino operacional a subunidades, escalão companhia de todo o nosso Exército. A região tem condições excelentes para este treino operacional, uma vez que tem zona de serra, com várias localidades que permitem efectuar treino em áreas edificadas. Tem ria e mar, facto que tem permitido o treino das operações especiais em operações entre ilhas. Todas estas características, são em nosso entender impares a nível nacional, podendo ser consideradas excelentes
A partir de hoje, com a inauguração do Núcleo permanente visitável pelos tavirense e turistas, entre as 9 e as 17 horas, consubstanciando um desejo formulado pelo Presidente da Câmara Municipal de Tavira, quando o visitamos por altura da nossa tomada de posse, no ano transacto. A presença dos militares nesta cidade, tem sido como vimos pelo discurso do Presidente da Câmara e pelo que acabei de proferir, uma constante, facto que traduz uma relação ímpar e exemplar entre os tavirenses e o Exército Português.
A cerimónia começou pela Missa na Igreja de S. Francisco, seguindo-se a militar e, no mesmo dia, no Quartel da Atalaia, foram inauguradas:
Monumento aos Mortos em combate do RI1, Exposição “Arte ao Vento”, Núcleo Histórico Visitável e a Biblioteca do Regimento.
Geraldo de Jesus
