domingo, 20 de fevereiro de 2011

Investigador da UALG garante: "trajeto na A22 com portagens custará mais do dobro do que na Andaluzia"


"Um trajeto de 300 quilómetros na Via Infante (A22), no Algarve, vai custar mais do dobro do que o mesmo percurso numa autoestrada da Andaluzia após a introdução de portagens, estimou hoje um investigador da Universidade do Algarve", adiantou ontem, no NERA, em loulé, o investigador da Universidacde do Algarve (UALG) Fernando Perna, na presença de deputados de todos os partidos eleitos pelo círculo de Faro, com a exceção do PS, no fórum "Portagens no Algarve - Impacto Económico e Social", uma iniciativa da Plataforma de Luta Contra as Portagens na Via Infante, que reuniu cerca de 200 participantes, entre autarcas, empresários, deputados e cidadãos.

O docente da área do Turismo garante que "um percurso de 300 quilómetros na A22 - incluindo combustível e portagens -, custará 51,18 euros, mais do dobro dos 23 euros de gasto estimado para o mesmo percurso na Andaluzia, adiantando ainda em tom de advertência: "as portagens vão provocar um aumento da carga fiscal sobre o turismo, sobretudo nas visitas dos excursionistas da Andaluzia, que são aqueles que ficam na região apenas um dia sem dormida em alojamento".
A criação de uma oferta integrada de transportes públicos no Algarve e de uma linha de autocarro guiado foram algumas das soluções apresentadas por outros especialistas para uma melhor organização da mobilidade na região.
Ainda para outro docente da UAG, Manuel Tão, "a introdução de portagens é um sintoma que revela o cansaço do modelo de mobilidade praticado na região nos últimos 20 anos". "A Rua Nacional 125 não é uma alternativa à A22. As portagens vão penalizar duplamente - externa e internamente - o Algarve", sublinhou.
Já o engenheiro João Reis Simões defende, por seu turno, que "seja estudada a hipótese de introdução de um autocarro guiado, que circularia em via própria, e que apresenta mais vantagens do que o comboio". "Os comboios no Algarve transportam apenas 5.000 passageiros por dia e um metro ligeiro, para ser rentável, teria que transportar 15.000 por hora e por cada sentido de rota", rematou.
Por seu turno, António Goulart, da União dos Sindicatos do Algarve (UASAL/CGTP) interrogou os presentes sobre a continuidade da luta de protesto às portagens, para dar resposta a uma das maiores crises sociais e económicas do Algarve.

Na área política, o deputado do PSD Mendes Bota apelou aos protestos na rua, enquanto Macário Correia, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve e da Câmara de Faro admitiu “o recurso a uma providência cautelar”, mas apenas se falhar o diálogo com o Governo, com quem a plataforma vai reunir na próxima quarta-feira, via secretário de Estado das Obras Públicas, após uma espera de 5 meses.
“Estão pensadas outras medidas, mas ainda não estão concertadas” entre todas as entidades que compõem a plataforma. “Somos pelo diálogo e pela negociação”. “Não temos de pagar o que já está pago (a maioria da Via do Infante foi paga por fundos comunitários) e esta diferença tem de ser compreendida", alertou em jeito de apelo ao Governo.
A concluir, Vitor Neto, presidente da Associação Empresarial do Algarve (NERA) e anfitrião do fórum, advertiu: “Nunca pedimos privilégios, apenas alertamos para as consequências”.
AP - fonte: Observatório do Algarve