sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Cinco décadas da obra de Jorge Mealha em exposição no Centro Cultural de Lagos



Uma leitura retrospectiva da obra do escultor e ceramista Jorge Mealha é a proposta do Centro Cultural de Lagos, que a partir do dia 7 de Agosto vai ter patente a exposição “Jorge Mealha/1960-2010/Reinventando uma arte”. Integrada no cartaz de arte contemporânea do programa “Allgarve’10”, esta mostra reúne um conjunto de peças em grés, taças e esculturas geométricas abstractas daquele que é considerado um dos expoentes máximos da cerâmica em Portugal.

Comissariada por Mirian Tavares, esta exposição inclui ainda a apresentação de um pormenorizado catálogo sobre o percurso desse autor, que nasceu em Moçambique, vive no Algarve desde os anos 70 e que se notabilizou também na decoração de interiores e azulejaria.

Para Mirian Tavares, "a obra de Jorge Mealha corre sempre o risco de ser mal avaliada porque existe a tentação de etiquetá-la como arte africana, como se esta etiqueta resolvesse todas as questões e como se houvesse apenas uma arte africana. O seu trabalho sobre a matéria que transforma tem uma história coerente e longa”. E finaliza: “Esta exposição pretende percorrer esta história e mostrar que, para além de qualquer tentativa de aprisionar o artista num rótulo confortável e legível dentro dos padrões da arte actual, o artista está sempre a superar-se e a romper rótulos e amarras com aquilo que ele sabe fazer melhor, a sua arte."

Jorge Mealha nasceu em 1934, Lourenço Marques (actual Maputo) em Moçambique onde residiu e trabalhou até 1974, dedicando-se à cerâmica, escultura e decoração de interiores. De 1965 a 1970, frequentou os cursos de desenho e gravura do Núcleo de Arte de Lourenço Marques, sob orientação do pintor António Quadros. Em 1979, foi bolseiro da fundação Gulbenkian, para aperfeiçoamento em cerâmica, tendo estagiado em Lisboa, no atelier do escultor Querubim Lapa.

No ano seguinte, beneficiou também de uma bolsa, da mesma Fundação, para uma viagem de estudo por diversos países europeus. A partir de 1975, ano em que se fixou no Algarve, passou a dedicar-se exclusivamente à escultura e cerâmica. Participa, desde 1964, em exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro.