quarta-feira, 16 de junho de 2010
ACTA - Espectáculo "George Dandin" de Molière em Coimbra
No âmbito do IV Festival das Companhias Descentralizadas, a ACTA apresenta o espectáculo “George Dandin” de Molière, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, no dia 26 de Junho, às 21h30, seguido de uma conversa com o público. O espectáculo é encenado por Luís Vicente, tem a duração de 1h15m, é indicado para maiores de 12 anos e o custo de entrada é de 10€ com vários descontos.
Aparentemente trata-se apenas de uma hilariante comédia de costumes, cujo enredo assenta nos estratagemas de uma jovem mulher para ludibriar o seu marido. Dá-se, porém, o caso, de o enredo ter como pano de fundo o prenúncio da Revolução Francesa: portanto, não é uma mera comédia de costumes. E este aspecto, a nosso ver, absolutamente fundamental, foi que levou Marx a estudar o texto de Molière, e a referi-lo como um documento exemplar no que respeita à análise da aliança de classes; e que nos leva a nós a pô-lo em cena numa perspectiva de contemporaneidade no que se refere os seus conflitos internos.
George Dandin vive um drama interior e um drama social que o tornam ridículo, porque se deixou envolver por uma situação à qual não é capaz de se adaptar. É ridículo não como pessoa, mas como elemento desajustado duma estrutura em que entrou indevidamente, sem todo um ritual de iniciação ideológica e afectiva. A casa onde, na condição de trabalhador rústico se sentia bem e feliz, tornou-se atroz, não tanto pela ameaça de infidelidade de sua mulher Angélique, mas sobretudo pela impossibilidade de estabelecer relações de convivência que respeitassem a sua personalidade e os seus valores.
A sua tensão psicológica não é de um «marido enganado», mas a de um marido confundido socialmente por ter feito um casamento desigual, de que já está profundamente arrependido, com uma mulher que não lhe pode pertencer, mesmo que tenha assinado uma acta matrimonial.
George Dandin assume um estatuto ideológico bem definido, tornando-se o personagem e o lugar de um conflito, de um processo levado ao palco, em que o público fará de jurado. Duas (o)posições sociais que se digladiam num espectáculo que dá mais para pensar do que para rir.
Este espectáculo conta com a participação dos actores Afonso Dias, Bruno Martins, Elisabete Martins, Glória Fernandes, Luís de A. Miranda, Mário Spencer, Pedro Mendes e Tânia Silva, os figurinos são de Alice Alves, a execução cenográfica é de Tó Quintas, a assistência de encenação de Elisabete Martins, com direcção de cena de Pedro Mendes, desenho e operação de Luz de Octávio Oliveira, operação de som de Pedro Leote Mendes, produção executiva de Elisabete Martins, comunicação e divulgação por Cristina Braga, secretariado por António Marques e direcção de produção de Luís Vicente.