sábado, 14 de novembro de 2009

Famílias com dois desempregados atingem 21%




Apenas menos de metade do total dos desempregados recebe subsídio de desemprego, contrariando os números oficiais do governo. Num colóquio organizado pelo Observatório das Desigualdades, Nuno Alves, investigador do Banco de Portugal, apresentou o resultado do seu estudo que diz que o peso das famílias com dois elementos desempregados representa hoje 21%.


Os dados do economista Nuno Alves, que trabalhou a partir da informação apurada pelo Inquérito ao Emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE), apontam para a proporção mais alta, desde pelo menos 1998, de famílias que enfrentam situações de desemprego com dois membros do agregado nessa situação. Mesmo nos anos mais recentes, a percentagem não foi além dos 19%.
O investigador optou por não apresentar os valores absolutos, ao salientar que não estudou pormenorizadamente as razões que levaram a este aumento. Contudo, arriscou sugerir ao Diário de Notícias algumas causas, tais como o aumento de falências em empresas que empregavam mais do que um membro da mesma família e o crescente número de jovens à procura de trabalho que não conseguem sair de casa dos pais e que têm mais um parente desempregado.
A conclusão mais preocupante do estudo é a confirmação do que já se previa, isto é, as famílias com mais de que um membro desempregado estão mais expostas à pobreza e as famílias pobres são as mais penalizadas com o desemprego. Os dados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2005/2006, citados pelo investigador, mostram o que acontece quando o desemprego afecta os dois membros do casal: a incidência da pobreza sobe para 48%, contra os 18,5% registados na população em geral.
Na intervenção que fez no Instituto de Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Nuno Alves referiu que apenas menos de metade dos desempregados recebe subsídio de desemprego, uma leitura que contraria a informação oficial divulgada pelo governo. Sabe-se que 348 mil pessoas recebem esta prestação social, cerca de 68% dos 510 mil registados nos centros de emprego. De qualquer modo, cerca de 200 mil desempregados estão sem qualquer apoio social.


msn