terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pescas criam postos de trabalho em Olhão



O Ministro da Agricultura e Pescas, António Serrano, inaugurou ontem, 17 de Janeiro, a nova unidade industrial de processamento e congelamento de pescado de Olhão, explorada pela Companhia de Pescarias do Algarve. A fábrica, localizada no porto de pesca da cidade cubista, cria cerca de duas dezenas de postos de trabalhos directos e, indirectamente, muitos mais.
Em pouco mais de três meses, a Companhia de Pescarias do Algarve construiu de raiz uma unidade industrial que permitirá comercializar peixe fresco e congelado proveniente de alto mar e também bivalves. Entre a produção, é de realçar a aquicultura em off shore (mar aberto) criada recentemente ao largo da Ilha da Armona e que já dá resultados. A Companhia de Pescarias do Algarve explora actualmente dois lotes e os seus responsáveis assinaram ontem um protocolo que prevê a exploração de mais dois lotes.
“Uma empresa tradicional que resiste e continua a inovar”, assim definiu o Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano, a Companhia de Pescarias do Algarve que, aos 175 anos de existência, inaugurou uma unidade industrial de primeira linha no sector que tão bem conhece. “O sector das Pescas não está moribundo, como alguns dizem, e exemplos como este demonstram-no”, disse o ministro, referindo que 75% do que será processado nesta fábrica olhanense será dirigido ao mercado externo. No total, referiu o governante, existem em Portugal 30 mil pessoas que trabalham directamente nesta actividade, entre elas cerca de 6000 na aquicultura. “As nossas exportações neste sector cresceram 46%, estamos a reduzir o défice da balança comercial neste sector”, esclareceu ainda António Serrano.
Apesar da diminuição do número de embarcações existentes, a produção cresceu: “A produtividade subiu, as pessoas investiram, como esta empresa está agora a fazer”, afirmou o ministro, que também destacou a produção de corvina em off shore ao largo da Ilha da Armona, referindo que “este novo segmento de actividade é fundamental”. No total, pretende-se que a produção em aquicultura no Algarve, e sobretudo nesta zona de Olhão, atinja ou ultrapasse as 20 mil toneladas/ano.
Miguel Socorro, da Companhia de Pescarias do Algarve, realçou que “a mais antiga companhia de pescarias do País já completou 175 anos e continua a lutar contra a apatia e o marasmo que tomou conta das pescas nacionais”.
Ostras, vieiras, mexilhões, atum, cavala, sardinha, carapau ou biqueirão são algumas das espécies que, capturadas em alto mar ou criadas em off shore, dão o mote para um negócio de sucesso na cidade olhanense que prevê, inclusive, a criação de micro-algas para ‘alimentar’ os bivalves.
Para o presidente da Câmara Municipal de Olhão, Francisco Leal, este investimento em Olhão, de cerca de 10 milhões de euros (metade dos quais comparticipados pelo PROMAR), é muito importante para um concelho que sempre apostou nas pescas e no mar. “Actualmente, estes investimentos são cada vez mais raros e difíceis, sobretudo no sector primário”, referiu o edil olhanense, acrescentando: “Em Olhão, temos o raro privilégio de ter esta unidade pronta e outra aqui ao lado em construção, que vão criar postos de trabalho, assim como o interesse de empresários que em momentos difíceis não voltam a cara às dificuldades e conseguem perspectivar o futuro que, acreditamos, é promissor”.
Francisco Leal destacou ainda a ligação da Autarquia a vários organismos que também apostam nas pescas e no mar, como o IPIMAR e a Universidade do Algarve, com os quais a Câmara trabalha de forma estreita, anunciando que existem mais interessados em explorar alguns dos 40 lotes existentes em off shore ao largo da Ilha da Armona. “Desta forma, temos condições para duplicar a produção de bivalves a nível nacional”, realçou o autarca olhanense, referindo igualmente o trabalho que o Grupo de Acção Costeira (GAC) do Sotavento, com sede no Município de Olhão, tem desenvolvido para apoiar este sector.