sexta-feira, 5 de março de 2010

Nemátodo "continua a avançar de forma descontrolada" dizem proprietários, Ministério otimista


O presidente da Federação Nacional das Associações de Produtores Florestais (FNAPF), Vasco Campos, garante que o nemátodo do pinheiro "continua a avançar de forma descontrolada", por falta de medidas, contudo o Ministério está otimista.
"O combate do nemátodo [doença do pinheiro] está parado. A Autoridade Florestal Nacional (AFN) protocolou com as associações (de produtores) uma série de medidas de combate da doença do pinheiro-bravo, mas esse protocolo acabou em 31 de dezembro", declarou Vasco Campos à agência Lusa.
O nemátodo da madeira do pinheiro é uma doença causada por um verme microscópico transportado por um insecto que contamina as árvores por onde passa, afetando sobretudo a copa e os ramos
Vasco Campos, que é também presidente da CAULE - Associação Florestal da Beira Serra, avança que o pinheiro bravo "está mesmo em risco de desaparecer na região Centro".
Também o coordenador da Associação dos Baldios e dos Produtores Florestais do Centro (SEBALDIC), Isménio de Oliveira, denuncia a "falta de informação verdadeira sobre a realidade" e de uma análise real no terreno.
"Há uma falta de informação do Ministério da Agricultura sobre a verdadeira situação, sabemos que aumentou a área do pinheiro com doença, há concelhos como Arganil e Castanheira de Pêra onde há mais pinheiros mortos do que há três meses atrás, não sabemos por quê", criticou.
Isménio de Oliveira lamenta que, neste momento, "não esteja a funcionar, no terreno, o plano de combate do nemátodo".
"Estamos num interregno, o que é mau porque é nesta fase que se pode abater as árvores, entre abril e outubro é quando o inseto vetor propaga a doença", disse.
Segundo o presidente da FNAPF e da CAULE, "o que está a ser feito é residual".
Contactado pela Lusa, fonte do Ministério da Agricultura confirma que estão no terreno "ações de prospeção e eliminação de árvores com sintomas de declínio", por organizações de produtores florestais que "não tinham desenvolvido todas as ações protocoladas e dispunham de saldos de protocolo (verbas por aplicar)".
"O que é preciso é renovar o protocolo e avançar, de novo, para o terreno em força, porque continuamos com um problema muito grave de nemátodo, que não está controlado", contrapõe Vasco Campos.
Para o Ministério da Agricultura, "os resultados obtidos até ao momento são otimistas quanto às perspetivas de contenção da expansão da doença do Nemátodo da Madeira do Pinheiro na região Centro", onde "estima que tenham sido eliminadas cerca de 1,9 milhões de árvores".
"Desde outubro até à presente data, a AFN deu continuidade à execução das ações de prospeção e eliminação de árvores com sintomas de declínio" e "até ao final de abril está prevista a continuidade das ações de corte das árvores com sintomas", garante o Ministério.
O combate do nemátodo envolve vários grupos de investigação, através de estudos financiados pela AFN.
Lusa