quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

«NO 1º CENTENÁRIO DE ANTÓNIO VICENTE CAMPINAS»


Foto Google

Ainda que nascido a 28 de Dezembro de 1910, em Vila Nova de Cacela, aconteceu a 8 de Janeiro de 1911 o registo oficial do nascimento do escritor, militante anti-fascista e testemunho autêntico de cidadão e democrata, que foi António Vicente Campinas.
Recordá-lo nesta efeméride é prestar o testemunho público a uma figura marcante da vida algarvia e assinalada referência na literatura portuguesa contemporânea, justa e merecidamente referida na obra alusiva ao 1º Centenário da República, editada pelo Governo Civil do Distrito de Faro e destacando muitos dos que merecem a nossa admiração neste cem anos de regime republicano.
António Vicente Campinas, falecido em 3 de Novembro de 1998, em Vila Real de Santo António, é, com destaque um deles e a sua figura permanece como um monumento à vivência dos grandes ideais de liberdade e de democracia.
A sua extensa obra literária (mais de trinta títulos publicados), iniciada em 1937, com o livro de poesia «Aguarelas» e encerrada em 1990 com o volume de narrativas «O Azul do Sul é Cor do Sonho», para além de múltipla colaboração em jornais (iniciada quando tinha 10 anos no diário «O Século»), revistas, obras antológicas, etc, afirma-o como um dos vultos maiores da vida literária algarvia no século XX, sendo oportuno recordar o poema «Cantar Alentejano», dedicado a Catarina Eufémia, cantado por Zeca Afonso e incluído no álbum «Cantigas de Maio» (1971).
Como perseguido político no antigo regime salazarista, perseguição que começou em 1934, com a sua primeira detenção, a que seguiram inúmeras prisões, entre as quais no Forte de Peniche, que Vicente Campinas recorda em «Rio Esperança» (contos e crónicas, 1983): «(...) no segredo da Fortaleza de Peniche, quando a maldade dos homens, a tirania de um regime repressivo, me atiraram para uma imunda cela, fedendo ainda a dejectos de bestas, o mar veio, muitas vezes, noite dentro, conversar através das minhas insónias, com o meu isolamento forçado. (...).»
Recordar António Vicente Campinas, neste primeiro centenário do seu nascimento, é prestar a homenagem do Algarve a um dos seus mais dilectos filhos que defendeu com todos os sacrifícios, incluindo o exílio, donde só regressaria após o 25 de Abril, os ideais maiores da Democracia, da Liberdade e da Justiça Social.

A GOVERNADORA CIVIL

ISILDA VARGES GOMES