quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Será o mercado low-cost uma boa oportunidade para Portugal?


Low-cost: uma oportunidade para o sector automóvel?

Segundo um estudo da Cetelem, a maioria dos automobilistas ressente-se com a oscilação do preço de venda dos automóveis, os quais consideram ter aumentado mais rapidamente do que os dos outros bens e serviços. Contudo são os Portugueses (73%) que revelam a maior sensibilidade face ao preço, o que pode criar condições favoráveis ao desenvolvimento do mercado low-cost em Portugal.
Com base nos números avançados pelos institutos nacionais de estatísticas, os quais calculam e fornecem índices de preços que servem de referência aos economistas para uma análise da evolução dos preços de diferentes bens e serviços, poderíamos pensar que o custo dos automóveis cresce a um ritmo mais lento do que o da inflação (entre 1998 e 2008 a inflação foi de 2,7% ao ano, em média e, ao mesmo tempo, o índice dos preços dos automóveis aumentou apenas 0,5%). Contudo o problema reside no facto de o índice dos preços dos automóveis neutralizar, ano após ano, o efeito dos progressos técnicos, da inovação e do equipamento suplementar.
Esta neutralização do efeito da qualidade minimiza, artificialmente, o aumento dos preços pagos pelos consumidores. Para poder analisar correctamente a evolução dos preços, é importante considerar um outro indicador: os preços de catálogo. Nos dez últimos anos, os preços de catálogo aumentaram uma média anual de 3,2%, um nível claramente superior à inflação. Na Alemanha, este aumento anual foi de 3,5% e em Espanha de 3,6%. A este aumento dos preços suportados pelo consumidor, há que adicionar o disparo dos custos de utilização do carro: em média +4,6% ao ano.
Face à subida dos preços os automobilistas acabam por se ressentir. Para 64% dos inquiridos, o preço de venda dos automóveis aumentou mais rapidamente do que os dos outros bens e serviços. É em Portugal que o maior número de inquiridos - 73% - pensa desta forma, seguindo-se a França, onde 68% dos inquiridos também partilha esta opinião. Para beneficiarem de preços mais baixos os automobilistas acabam por optar por uma compra mais ponderada: 56% dos inquiridos estão dispostos a comprar veículos menos equipados, associados a um status social mais baixo. Para diminuir os custos de utilização, 56% pretendem limitar as suas deslocações e 43% declaram-se prontos a adquirir carros eléctricos ou híbridos para diminuir os custos relacionados com os combustíveis.
Mais optimistas estão os britânicos e os espanhóis que revelam ser os que menos sofreram com a evolução dos preços dos automóveis: os primeiros porque, nestes últimos anos, conheceram os aumentos de preços mais baixos da Europa; os segundos, porque é em Espanha que é mais reduzido o desvio entre a variação dos preços dos automóveis e a da totalidade dos bens.
Analisando a sensibilidade dos Europeus neste contexto de carestia automóvel, é muito provável que o low-cost responda às necessidades dos consumidores portugueses neste período conturbado, onde a procura do essencial é acentuada.