Luísa Gomes, responsável pelo Projecto, disse-nos que para além das prendas materiais “quisemos, dar-lhes um presente diferente. Actividades com amor positivo, o divertimento, a boa disposição, porque Natal para muitos, ao contrário daquilo que pensamos é uma época triste, porque é quando pensamos mais nas pessoas que já não estão entre nós. Da família que não está por perto. Quando nos lembramos mais das pessoas que fizeram parte da nossa vida. O que tentamos foi dar-lhes um pouco mais de alegria, numa altura que para muitos é triste”.
- Os tempos estão difíceis. Fazer um espectáculo onde houve sorrisos, palmas e até algumas lágrimas…
- Foi muito agradável. E o bom disto é que fizemos a festa sem recursos nenhuns. Todas as pessoas que vieram fizeram-no voluntariamente. Tivemos o fado com o Márcio Gonçalves e a Candinha. Tivemos um grupo coral. Nós, colaboradores, envolvemo-nos e criamos também uma série de apresentações para eles. Trabalhamos todos, nesta época de Natal, porque achamos que eles mereciam uma manhã alegre, em convívio e um almoço também caloroso, porque não sabemos se vão ter uma ceia de Natal como todos gostariam.
- Envolveram-se profundamente neste projecto, talvez uma experiência nova.
- Apesar de termos pouco tempo, porque temos muitos afazeres. Quando nós queremos, temos sempre tempo. Vestimos a camisola por um Natal diferente, para eles. Ficamos muito tempo a mais. Andamos a espreitar nos guarda-roupas das nossas avós, das nossas casas, para ver o que encontrávamos e não compramos nada! Foi tudo feito com o que tínhamos.
- Esta experiência dá para continuar a fazer novas iniciativas?
- Nós, na Âncora, costumamos fazer sempre a festa de Natal. Para nós foi muito divertido ensaiar. A recompensa foi hoje ao ver os sorrisos, as gargalhadas, as palmas, mas sobretudo os sorrisos. Isso valeu tudo. Ao longo do ano fazemos muitas festas e cada vez gostamos mais e fazemos cada vez melhor.
- Houve também, outras actividades que envolveram os idosos e os jovens?
- Os jovens vêm até nós para fazer voluntariado, pois quantas mais mãos tivermos para trabalhar, mais actividades podemos fazer. Nós tentamos ter um Centro muito dinâmico. É que mais do que estar aqui a passar o tempo, as pessoas estão aqui para serem estimuladas, quer cognitivamente quer emocionalmente e fisicamente também. Todos os dias têm um bocadinho de actividade.
- E, esse bocadinho vai crescendo, crescendo e o sorriso, da Luísa, na alegria do dever cumprido e elucidativo disso.
- É um orgulho. Hoje o dia começou muito mal. Uma senhora ao pequeno-almoço sentiu-se mal. Tivemos de chamar o INEM para a levar ao Hospital. Ficamos todos tristes. E, foi muito difícil envolvê-los nesta festa, porque estavam muito tristes e nós também não estávamos alegres. E ao terminar a manhã, conseguimos que eles se envolvessem. Apesar de tudo viver este espírito natalício é um orgulho é uma sensação de que fizemos bem e conseguimos dar-lhes alguma alegria.
Geraldo de Jesus
