domingo, 25 de abril de 2010

COMEMORAÇÕES EM FARO PERDEM ESPÍRITO DE ABRIL





Uma tristeza! Também este podia ser o título da minha opinião. O que se passou hoje em Faro nas comemorações do 25 de Abril foi tudo menos o que tem sido habitual na maior parte das comemorações do dia da Liberdade, há 36 anos a esta parte.
Pouco mais de meia dúzia... de bombeiros a desfilar frente ao edifício da Câmara, acompanhados de uma banda com pouco mais de meia duzia... de elementos a tocar para pouco mais de meia dúzia... de populares a assistirem a uma mão cheia de engravatados e aperaltadas a botarem figura frente à mini-parada bombeiral.
Eleitos da Assembleia Municipal, Câmara e Freguesias, bem como alguns dos respectivos companheiros(as) e camaradas, onde não faltaram vários(as) membros da "boyada", do laranjal e roseiral, constituiram a maioria dos presentes, fora e dentro do salão nobre, situação bem demonstrativa do estado a que chegou a nossa Democracia, a que eu costumo chamar "Liberditadura" dos insteresses instalados - políticos, económicos e sociais - todos a favor de uma certa minoria sobre a maioria.
E, para que Augusto Miranda, substituto do auto-suspenso presidente da Assembleia Municipal, Luís Coelho, não me tome por igual nas críticas, como criticou, as notícias e opiniões sem rosto que proliferam na Internet, eu, como sempre o fiz e continuo a fazer há cerca de 30 anos nesta vida de escrever nos jornais e falar nas rádios, dou mais uma vez a cara, com assinatura, desta feita nestas criticas como advertância para que percebam o significado da ausência popular das cerimónias do 25 de Abril na capital algarvia, demonstrativa do descrédito a que chegaram os políticos - locais, regionais e nacionais - felizmente com honrosas, embora muito poucas, excepções.
Hoje, em Faro, a ausência do Povo nas comemorações de Abril, organizadas como que de forma envergonhada (também para poupar, especialmente no desgaste das pedras da calçada em frente à Câmara, nas escadarias e assentos/estruturas das cadeiras municipais, já que a meia dúzia de cravos na jarra sobressaíram pela falta deles nas lapelas dos casacos?) provocou silêncios ensurdecedores que ecoaram dentro do salão nobre da autarquia nos discursos de alguns dos oradores partidários, reconhecendo o descrédito dos políticos, com o representante do PSD, Paulo Gouveia da Costa, a não se limitar a uma explanação histórica do Movimento revolucionário e das liberdades conquistadas, também para as mulheres, como fez a socialista Ana passos, em Portugal e no estrangeiro, onde se perdeu Macário Correia, num autêntico discurso europeista de Estado, tipo combate político de trazer por casa entre a direita (coligação PSD - CDS) e a esquerda (BE e PCP), uma resposta como que a piscar o olho a futuras funções governativas e a enfiar a cabêça na areia quanto ás realidades locais.
Gouveia da Costa apelou a uma maior abertura das próximas comemorações à sociadade civil, nomeadamente à juventude escolar, com defesa do ensino nas escolas do que provocou e quem realizou o 25 de Abril de 74.
É que, se assim não for, os políticos ficam cada vez mais, como hoje aconteceu, a falar sózinhos e, como já escrevi, o dia chegará que só eles votarão em sí porque, tal como também aconteceu hoje, nem muitos dos familiares ou amigos estarão ao seu lado.
Aí quer dizer que a nossa Democracia falhou e voltámos aos tempos do "orgulhosamente sós", por culpa dos políticos, na sua maioria filhos das promessas de Liberdade e Progresso Social de Abril de 74, que não souberam interpretar os sinais das pessoas e dos tempos, situação a que eu não desejo nem quero assistir, preferindo já não estar cá.
Mas, se por culpa de alguns o impensável acontecer e eu cá estiver, garanto,tal como este ilhéu faz há anos contra certos interesses instalados, mesmo arcando com pesadas "facturas" pessoais e profissionais, lutarei nem que seja até à morte por outro Abril, mas mais consequente e democrático para todos e não só para alguns!
Manuel Luís