EM SANTA LUZIA – ASSOCIAÇÃO ÂNCORA - ENCERROU MÊS DO IDOSO, COM NOITE DE FADOS

Para encerrar as actividades do mês do idoso, a Associação Âncora, promoveu uma noite de fados, com os fadistas Márcio Gonçalves, Emanuela Furtado, César Matoso, Elsa Jerónimo e Sara Gonçalves. Na guitarra, Miguel Drago e na viola, Virgílio Lança.

Luísa Gomes, Directora Técnica, disse-nos que durante o mês de Outubro foi comemorado o mês idoso que finalizou, “para todos os que gostam, com uma grande noite de fados, aberta a toda a comunidade. Tivemos um público muito heterogéneo, da comunidade de Tavira e não só. Pela primeira vez tivemos na plateia vários estrangeiros.

Portanto, aqui, uma porta a abrir-se com novas possibilidades e um público novo a acompanhar-nos”. - Dentro das actividades, decorreu em Monchique uma acção, destinada aos idosos com a intervenção da Âncora. - Sim. A Âncora também está com um projecto em Monchique. Temos uma parceria com a Câmara Municipal e, portanto, também por lá, pelas mãos da Âncora, se comemorou o mês sénior. - A Âncora trabalha em duas áreas diferentes: Idosos e jovens. - E não só. Na sede trabalhamos com as crianças e os idosos. Também trabalhamos com a comunidade em geral, com os técnicos que trabalham junto das populações. Tentamos chegar a todos.

- Tenho assistido, nos últimos tempos, a sessões sobre idosos e verifico que a preocupação agora, é juntar os idosos às crianças. Num passado recente, fez-se exactamente o contrário. É certo que a sociedade perdeu valores morais. Será fácil aceitar a mudança? - 2012 vai ser o ano Europeu da Integralidade. Portanto, revela a preocupação que existe actualmente, com esta questão de se trabalhar as várias gerações e não apenas isolar cada geração, por si só, e trabalhar isoladamente. Agora, existe uma serie de mitos na sociedade que é preciso desmistificar para que isto possa acontecer de forma natural e não quotidiana, senão acaba por ser um pouco a flutuar. Penso que não haja crise. O mais importante é mudar mentalidades.

- O Bilhete de Identidade marca a idade. Algumas pessoas que passam à reforma, dizem que se sentem como uns inválidos e que gostavam de fazer qualquer coisa. Os pescadores, por exemplo, gostavam de ir ao mar, mas não os deixam. - De facto, hoje nem se fala muito de idade cronológica, embora a Organização Mundial de Saúde defenda os 75 anos, como marco de passagem à chamada terceira idade. Hoje, falamos muito mais de idade funcional. Nós somos velhos quando nos sentimos velhos. Podemo-nos sentir velhos aos 40, 50 ou 80. Depende muito de pessoa para pessoa. A Âncora preocupada com a questão da inactividade após a reforma tem vindo a desenvolver algumas acções, nomeadamente o voluntariado sénior, cujo grande objectivo é ajudar as pessoas a construir projectos de vida adaptados às novas realidades. Fazê-los sentir que estão a dar mais aos outros e, simultaneamente, a dar a si também, porque têm motivo para acordar de manhã, o que é fundamental. - Por ter atingido a idade de reforma ou aposentação, não se deve atirar os idosos para um “caixote”?

- Claro que não. No primeiro, segundo ano, após a reforma, parece que é muito bom, muito agradável não ter nada que fazer, não ter de se levantar cedo. Passado esse tempo, vem a necessidade de ter algum compromisso com a vida, alguma coisa para fazer. Muitas vezes são pessoas com capacidade, para durante muitos anos, dar aos outros e produzir. Nós vivemos em tempo de crise e era importante ver valorizado aquilo que as pessoas têm para nos dar. - Hoje, na Âncora houve fados, palmas e alegria. Amanhã? - Tentamos dinamizar esta terra, esta Associação e estas pessoas que estão connosco diariamente e isso também nos enche um bocadinho o coração. É isso que nos faz fazer sempre mais e mais e nunca parar. Geraldo de Jesus