terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Tavira: HOMENAGEM A ARISTIDES DE SOUSA MENDES


António de Sousa Mendes
A Associação Internacional de Paremologia, promoveu na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, uma homenagem a Aristides de Sousa Mendes, Cônsul-Geral de Portugal, em Bordéus, pouco tempo antes da segunda guerra mundial.
O orador convidado foi seu neto, Dr. António Moncada de Sousa Mendes que recordou “que o que ele fez vai durar para sempre. Foi um gesto universal e eterno, porque o amor que ele tinha pela humanidade e pelos outros permanece e permanecerá sempre e por isso estamos a falar dele. Sofreu as consequências do seu gesto. Talvez não tenha imaginado que seria até à morte dele. Ele estava humanamente preparado para isso. Um Rabi judeu que ele tinha salvo e que o foi visitar em Lisboa, disse ao meu avô:
- Você está a sofrer tanto pelo que fez.
A resposta do meu avô foi:
- Há judeus que sofreram por um “cristão” é perfeitamente aceitável que um cristão sofra por causa de tantos judeus.
O gesto dele é tão grandioso e forte, que para nós, humanidade, se afirma e então, este gesto, com o tempo torna-se enorme. Ele não está cá, para sentir como nós, mas provavelmente onde está, terá a noção de que aquilo que fez é uma grande missão para a humanidade”.

Rui Soares (AIP), Vereador, Luís Nunes e António Sousa Mendes
O Vereador do Pelouro da Cultura, Luís Nunes, referiu que “actos como estes em que a palavra chave foi a memória, a memória de uma pessoa que fez o bem, salvando milhares de vidas, estamos a fazer com que o nosso passado, vindo para o presente, fará pensar num futuro melhor e, é através de iniciativas desta natureza que ficamos a saber histórias que a história de Portugal não conta. Esta esqueceu-se de contar.
Foi através de países como a França, Bélgica, Luxemburgo e mesmo os Estados Unidos que os portugueses começaram a conhecer a figura de Aristides de Sousa Mendes. Infelizmente, para nós, mas ainda vamos a tempo e, hoje foi a prova disso.
O Presidente da AIP, Rui Soares, referiu-nos que se trata de uma figura que foi mais alertada através dum concurso que houve à relativamente pouco tempo, na TV, cujo conhecimento profundo ainda não é de muita gente. “Resolvemos trazê-lo até Tavira, de acordo com a Câmara, sempre nesta parceria, no sentido de que as pessoas aqui presentes possam transmitir aos mais jovens o exemplo de coragem e de abnegação, com prejuízo da sua própria vida, mas sim dos altos valores. Praticar o acto que praticou, sabendo que lhe iria trazer problemas a si e à sua família. O respeito pela condição humana vai muito para além do que é habitual”.

Dados Biográficos:

Aristides de Sousa Mendes, nasceu em 19 de Julho de 1885, em Cabanas de Viriato, no distrito de Viseu. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1907.
Casou-se com Maria Angelina Coelho de Sousa Mendes de quem teve 14 filhos.
Exerceu funções de Cônsul-Geral de Portugal em Bordéus, pouco tempo antes da Segunda Guerra Mundial.
Contrariando as instruções expressas de Salazar que proibia a concessão de vistos a quaisquer refugiados judeus, exilados políticos e cidadãos provenientes de países do Leste, pôs a sua carreira e o sustento da sua família em risco. Com efeito, na manhã de 17 de Junho de 1940, abriu as portas do consulado e fez saber que Portugal concedia vistos a todos aqueles que os solicitassem.
Alvo de processo disciplinar, foi expulso da carreira diplomática e vitima de perseguição por parte do poder. Sousa Mendes morreu em 3 de Abril de 1954, na miséria, porque decidiu “estar antes com Deus contra os Homens do que com os Homens contra Deus”.

Geraldo de Jesus