terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
22 de Fevereiro- Dia Europeu da Vítima de Crime
Interrogo-me muitas vezes sobre as razões do fenómeno que consiste no aumento de certos flagelos a um ritmo idêntico ao daquela que, convencionalmente, nos habituámos a designar por evolução humana. Acredito plenamente que hoje somos mais inteligentes, mais informados, mais cultos, mais esclarecidos e, consequentemente, mais civilizados do que nos tempos em que, ignorância e fraca educação, branqueavam os mais sórdidos motivos para actos contra a vida humana. Acredito porque, todos os dias, deparo-me com novas provas da incrível capacidade que o ser humano possui em conseguir superar-se a si próprio. E por isso interrogo-me.
Porque não compreendo as razões que persistem na tendência para um aumento dramático de certos flagelos sociais como o da violência contra seres indefesos. Como as crianças, as mulheres e os idosos, principais vítimas de actos hediondos praticados em todo o mundo, sem excepção, saliente-se, para as chamadas sociedades modernas e, supostamente, mais evoluídas.
Hoje, Dia Europeu da Vítima de Crime, interrogo-me sobre estas razões e lamento, mais uma vez, a falta de uma resposta exacta, que me permitisse encontrar a solução para um problema que nos atinge de forma tão profunda.
Punir, cada vez com maior gravidade, os autores de crimes de violência e proteger as suas vítimas, através da criação de serviços e de medidas de apoio, consiste no esforço que todos os Países da Europa têm desenvolvido nos últimos anos num combate cerrado a este flagelo. Os resultados são, sem dúvida, positivos, pois creio que desta forma tem sido possível salvar muitas vidas e encontrar novas respostas para um drama transversal a toda a nossa sociedade.
Dos muitos exemplos que poderia referir, saliento a acção que, tanto a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, como a Polícia de Segurança Pública e a Guarda Nacional Republicana, têm desenvolvido no nosso País e, particularmente no Algarve, onde as vítimas de crime, especialmente de violência doméstica, encontram junto de agentes e técnicos especializados, o conforto e apoio necessário para enfrentarem momentos e processos sempre difíceis e dolorosos. Este é um trabalho valioso que, para além do devido reconhecimento, merece muito especialmente da minha parte um sincero agradecimento.
Neste dia instituído pelo Fórum Europeu dos Serviços de Apoio à Vítima, dedicado sobretudo à reflexão e promoção dos direitos da vítima de crime, enalteço com profunda estima o trabalho de milhares de cidadãos que, um pouco por todo o Mundo, lutam para minimizar as causas e os efeitos da violência, independentemente da sua natureza. Mas não posso deixar de lamentar que ainda sejamos obrigados a combater este e outros flagelos, causados precisamente por quem há muito alcançou o patamar da “evolução”.
A todas as vítimas de crime, fica a minha sentida homenagem e o meu apoio.
Isilda Varges Gomes
Governadora Civil de Faro