segunda-feira, 13 de setembro de 2010

VR Stº António: O figo, a amêndoa e a alfarroba no barrocal Algarvio


Com o historiador António Rosa Mendes e produtores locais - 18 Setembro- Ponto de encontro: 9.30 em Santa Rita
Os campos do Algarve, escrevia por volta de 1750 Damião Faria e Castro (um dos raros escritores algarvios no século XVIII), produzem “inumerável quantidade de figos, passas, amêndoas…”. E noutro passo, referindo-se ao figo, assinala a “muita abundância deste fruto, que é a produção principal do Reino do Algarve”. Assim sempre fora e assim continuaria a ser.
Colhido no Verão, o figo ficava a secar no almanxar (termo que é inútil procurar nos dicionários, vem do árabe, al-manxar). Depois, quando não ia para o fumeiro, era enseirado – isto é, metido em seiras, pequenos cestos, e aí calcado; por cima, umas folhinhas de funcho, planta aromática e conservante. Trabalho feito por mulheres, elas é que enseiravam. Matava a fome à pobreza. Perguntem quantos, mas quantos!, saíam manhã cedo para a labuta só com uma machinha de figos no fundo da algibeira…
Passos Contados... porque os caminhos, os lugares, as pessoas contam estórias. O Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela / CMVRSA propõe este ano novas experiências de interpretação e descodificação das paisagens culturais e naturais do sotavento algarvio. Nesta quarta edição iremos à descoberta das plantas e dos seus antigos usos na medicina e alimentação; das heranças islâmicas nas formas de construir e habitar; de antigos caminhos, muros e valados; vamos durante a noite ouvir lendas sobre os antigos medos de bruxas e lobisomens; com os pés na água vamos apanhar e conhecer os bivalves da Ria Formosa; já no final do Verão vamos colher figos, e compreender a sua importância, a par da amêndoa e alfarroba, na história local; terminaremos com um percurso geológico sobre alterações no uso e ocupação do território.