quarta-feira, 11 de maio de 2011

Operação Lágrimas Negras representa a verdadeira cidadania, considera Governador Civil de Faro

“Este projeto é um exemplo de verdadeira cidadania, pois radica numa das questões fulcrais da nossa democracia, que é a participação cívica”, considerou hoje o Governador Civil de Faro, Carlos Silva Gomes, referindo-se à Operação Lágrimas Negras, cujo encerramento decorreu hoje na Ponta do Altar, em Lagoa.

Durante a cerimónia, que contou com a participação de alunos da Escola Secundária de Lagoa, o Governador Civil considerou que a Operação Lágrimas Negras representa, simultaneamente, uma mensagem de pensamento positivo, esperança e intervenção, com resultados que comprovam a importância da uma participação ativa dos cidadãos na resolução dos seus problemas.
“Num momento em que as sociedades modernas estão em grande convulsão e aproximamo-nos de uma mudança de paradigma, é importante que, nesta fase de inflexão, sejam acarinhadas e elevadas todas as iniciativas que combatam o individualismo, a intolerância e a indiferença, flagelos que foram ganhando terreno no nosso quotidiano”, sustentou Carlos Silva Gomes, elogiando os protagonistas da Operação Lágrimas Negras.
Sensibilizar a população e em particular os políticos para o elevado risco de ocorrência de uma maré negra no Algarve, como consequência do intenso tráfego marítima de transporte de petróleo e derivados na zona do Cabo de São Vicente, foi o objetivo da Operação Lágrimas Negras, desenvolvida entre 1998 e 2000 no âmbito de uma parceria entre a Direção Regional de Educação (DRE) do Algarve, escolas e autarquias da região.
Através de produções de teatro, música, dança e expressão plástica, o projeto desenvolvido no âmbito do Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte (PREAA), da responsabilidade da DRE do Algarve, teve como resultados a instalação do sistema de Controlo de Tráfego Marítimo (VTS) na região, bem como o afastamento dos corredores marítimos de navegação, das cinco para as 20 milhas náuticas, ao largo do Cabo de São Vicente.
Acompanhada pela professora Helena Tapadinhas, coordenadora do PREAA, a Operação Lágrimas Negras mereceu o reconhecimento de todos os grupos parlamentares que, em 2001, aprovaram na Assembleia da República, a petição pública promovida pelas escolas do Algarve para a concretização dos objetivos preconizados pelo projeto.
Para Helena Tapadinhas, os resultados da Operação Lágrimas Negras constitui um exemplo bem sucedido de como a escola, usando os mecanismos próprios da vida democrática, pode despoletar exercícios de cidadania com impacto educativo, ambiental e na defesa do interesse geral.
Durante o encerramento do projeto o Presidente da Entidade Regional do Turismo do Algarve, António Pina, realçou por sua vez a importância do DREAA, tendo considerado que a conclusão da Operação Lágrimas Negras deve representar o virar de página “de um grande livro” em que a educação, o ambiente e a arte devem continuar associadas.
No âmbito do ato simbólico realizado na Ponta do Altar, onde os alunos pintaram um mural alusivo ao projeto, na base da torre onde se encontra instalado o sistema VTS, o Diretor Regional de Educação, Luís Correia, garantiu a continuidade do DREAA, que conta com a colaboração de todas as Câmaras Municipais do Algarve
Na cerimónia, que terminou com uma coreografia executada pelos alunos ao ritmo do tema “Se tu fores ver o mar”, de Fausto, estiveram ainda presentes do Presidente da Câmara de Lagoa, o Diretor do Instituto Marítimo e Portuário e o Comandante da Autoridade Marítima de Portimão, que realçaram a importância do projeto para a defesa dos valores ambientais e promoção da cidadania.