sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quarteira: AUTARQUIA DE LOULÉ APRESENTA REABILITAÇÃO URBANA DA RUA 25 DE ABRIL


Estudo prévio pode ser consultado nos próximos 15 dias
Melhorar a qualidade de vida das populações, a circulação viária e a imagem de uma das entradas mais importantes da cidade são os principais objectivos da empreitada de reabilitação urbana da Rua 25 de Abril, a mais antiga artéria da cidade, cujo estudo prévio foi apresentado ontem, no Centro Autárquico de Quarteira.
O projecto teve início no final de 2009, com a abertura de um concurso de concepção, em que onze gabinetes técnicos apresentaram as suas ideias, sendo vencedora a proposta da Sketch Log. No entanto, de acordo com o presidente da Autarquia de Loulé, esta proposta poderá não estar fechada. “Estamos aqui para, eventualmente, corrigir algumas questões que possam não estar de acordo com aquilo que as pessoas entendem”, explicou o edil.
A área de intervenção tem aproximadamente 38 mil m2, e desenvolve-se desde a rotunda da Avenida de Ceuta, a nascente, até à rotunda da Avenida Mota Pinto, a poente, e que estabelece a separação entre o casco antigo da malha urbana e a área de expansão da cidade “moderna”, para norte.


Os conceitos que nortearam a definição dos termos de referência deste concurso público, foram transpostos e aprofundados neste projecto, segundo o representante do gabinete de arquitectura. “Definiram que era necessário o estabelecimento de um espaço percorrível na sua integralidade e, por essa razão, apresentasse um conjunto de coerências estéticas e morfológicas, ao mesmo tempo que deveria fomentar um conjunto das áreas presentes a multifuncionalidade, potenciando a atractividade de diferentes públicos-alvo”, explicou o arquitecto paisagista, Gonçalo Mártires.
Assim, estes conceitos foram atingidos através do “redesenho do espaço público, da reestruturação da circulação viária, do estabelecimento da continuidade pedonal e da criação de zonas de estar e de descompressão urbana”, adiantou.
Numa artéria descaracterizada, os grandes problemas assentam no conflito entre a circulação viária e pedonal, no congestionamento do tráfego, na falta de estacionamento e/ou estacionamento abusivo e na presença de elementos com grande identidade e preponderantes para a cultura de Quarteira mas que não têm o devido relevo neste contexto.
Nesse sentido, a proposta apresentada pretendeu melhorar a circulação automóvel e mobilidade pedonal, a criação de estacionamento, a redefinição dos sentidos de circulação automóvel e a estruturação de áreas com maior potencial para a qualificação da imagem e identidade deste espaço, como é o caso do largo da Igreja, largo do Cemitério, largo do Leme e largo do Bairro da CHECUL.
A maior alteração que se propõe é a inversão do sentido único, desde a Igreja até ao largo do BANIF, que passará a ser feita de poente para nascente. Esta situação vai permitir que o largo da Igreja ganhe maior visibilidade, estabelecendo uma continuidade pedonal entre essa área e a Rua Vasco da Gama, e por outro lado, irá anular a conflitualidade de trânsito durante os cortejos fúnebres.
Em relação aos estacionamentos, prevê-se um acréscimo global de 33 lugares (dos actuais 153 para 186 lugares).
O projecto desenvolve-se em três troços: da rotunda da Avenida de Ceuta até à Rua do Leme; da Rua do Leme até à rua escola; da rua da escola até à Avenida Mota Pinto.
No primeiro troço, o que se propõe é a criação de uma bolsa de estacionamento junto ao cemitério (40 lugares), criação de paragem de transportes públicos, diminuição do perfil das vias e definição de um passeio pedonal.
No segundo troço, junto ao edifício do BANIF, propõe-se estruturar a bolsa de estacionamento existente criando um “espaço de descompressão”, uma zona de estadia e encontro, mantendo o número de lugares de estacionamento. “A ideia é que fique um espaço com vegetação, para harmonizar esta zona”, explicou o arquitecto. Será também criada uma zona de cargas e descargas e os ecopontos actualmente existentes serão substituídos por um sistema de recolha de resíduos subterrâneos.
No último troço, é proposto que toda a área seja libertada de circulação automóvel e que esta passe a ser feita por detrás da Igreja, ligando depois à Rua 25 de Abril, e que este seja um espaço pedonal. “A linguagem que tentámos promover para este espaço é uma linguagem contemporânea, muito simples, para conseguir evidenciar o edifício da igreja”, disse o arquitecto da Sketch Log.
Junto ao bairro social da CHECUL pretende-se reestruturar os lugares de estacionamento e a criar um parque infanto-juvenil.
“Tentámos não alterar demasiado pois há uma situação de hábitos e de identificação. Achámos importante a utilização de material vegetal para criar diferenciações e não deixar que o carácter urbano deste espaço prevaleça”, disse o arquitecto responsável pelo projecto.
Quanto aos materiais, serão usadas linhas com formas simples e resistentes, que se adaptem à utilização deste espaço. Será instalado equipamento e mobiliário urbano, bem como nova iluminação.

Participação dos munícipes


O presidente da Câmara Municipal de Loulé manifestou a importância desta intervenção tendo em conta que a Rua 25 de Abril é não só uma das principais entradas e saídas da cidade mas uma artéria que “está no imaginário de todos os quarteirenses”.
Depois de ter realizado diversas empreitadas de reabilitação urbana na cidade de Loulé, como é o caso recente requalificação da Praça da República, o edil manifestou o interesse da Autarquia em fazer obras semelhantes em Quarteira. “Somos muitas vezes acusados de que só fazemos reabilitação urbana em Loulé mas nós queremos também fazê-la em Quarteira. Só que temos de ter a vossa ajuda”, disse aos vários residentes presentes na cerimónia.

Nesse sentido, explicou que esta intervenção na Rua 25 de Abril foi considerada prioritária. “Esta foi, desde o início, uma preocupação, por várias vicissitudes, desde logo porque é uma entrada que tinha um historial e uma memória colectiva muito importante, também porque é ali que se fazem os funerais. É uma rua muito importante”, sublinhou Seruca Emídio.
Quanto ao projecto, o presidente da Autarquia louletana referiu que “qualquer intervenção que seja feita terá um impacto e uma repercussão que deve ser acautelada” e que deverá existir um “equilíbrio” entre o que se pretende e os interesses dos residentes. “Não somos nós quem vai impor aos moradores aquilo que eles não querem. Consideramos que esta é uma boa proposta. A nossa intenção é dar uma imagem de qualidade a Quarteira, melhorar a qualidade de vida e também a segurança das pessoas que vivem naquela rua. Sabemos que as pessoas que lá vivem nem sempre consideram estes os aspectos prioritários mas sim o facto de, por exemplo, terem estacionamento à porta. O que queremos é fazer o melhor por Quarteira, sem prejudicar as pessoas que beneficiam neste momento daquilo que lá existe. É esta dicotomia de interesses que temos de ter em conta”, explicou.


O autarca falou do exemplo da Praça da República na cidade de Loulé cuja intervenção foi inicialmente criticada por causas da redução dos estacionamentos mas que reuniu o consenso. “Os comerciantes diziam que iria diminuir a afluência ao comércio. Hoje toda a gente concorda que foi uma melhoria substancial”, realçou.
José Coelho Mendes, presidente da Junta de Freguesia, referiu que esta obra é “uma ambição há já alguns anos, uma artéria que precisa de ser requalificada, não tem pluviais, as infra-estruturas são velhas, há que fazer o projecto bastante alargado no sentido de requalificar aquela zona”.
Refira-se que este estudo prévio teve um custo de € 72.466,00. O valor da obra propriamente dita poderá chegar aos 3 milhões de euros de investimento.
Nos próximos 15 dias, o estudo poderá ser consultados por todos os interessados nas instalações do Centro Autárquico de Quarteira. Os munícipes poderão deixar as suas sugestões sobre o mesmo.