terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Opinião de Octávio Escolástico: Estado vegetativo ou coma


Octávio Escolástico
Doutorado em Hipnose Clínica


Um grupo de cientistas conseguiu estabelecer comunicação com pacientes em estado vegetativo ou coma, em que estes respondiam mentalmente “sim” ou “não” às perguntas dos investigadores. O estudo foi publicado pelo New England Journal of Medicine, em Fevereiro de 2010.
Os médicos das universidades de Cambridge, na Inglaterra, e de Liége, na Bélgica, pediram a um paciente belga em estado vegetativo/coma que imaginasse actividades motoras, como jogar ténis, para responder “sim”, e imagens espaciais, como ruas, para manifestar “não”. Os especialistas sabiam que cada tipo de pensamento activaria uma determinada área do cérebro. Por intermédio de uma técnica de Imagem por Ressonância Magnética, os médicos puderam identificar cada resposta dada.
Para avaliar a precisão da nova ferramenta de diagnóstico, os investigadores avaliaram 44 pacientes diagnosticados pelos médicos como estando em coma. A aplicação de uma escala, demonstrou que dezoito desses pacientes (41%) não estavam em estado vegetativo, mas num estado minimamente consciente (em catalepsia do sono). Outras pesquisas anteriormente realizadas já haviam demonstrado que os pacientes em estado vegetativo podiam aprender, isto aconteceu, quando alguns investigadores conseguiram comunicar com um paciente que se encontrava em coma há 23 anos. Outra ocorrência que mereceu profunda análise foi quando um pai despertou a filha do coma fazendo-lhe perguntas de matemática.
O estudo concluiu que o uso deste processo pode levantar questões éticas, como, por ex., se é correcto desactivar os aparelhos para deixar um doente em estado vegetativo morrer, já que ele pode ter algum grau de consciência e até capacidade de manifestar vontade própria.
A verdade é que este estudo veio corroborar o que eu afirmo há vários anos: “A mente é uma essência autónoma, que se manifesta através do cérebro e restante organismo, mas não é uma segregação cerebral”. Por outro lado, também comprova a inexactidão da ciência sobre o conceito do estado vegetativo, ao afirmar que o indivíduo em estado vegetativo pode parecer acordado e apresentar alguns reflexos, mas não tem consciência do ambiente que o cerca e é incapaz de sofrer mentalmente e sentir dor. Um entendimento grave e que é posto em causa neste estudo.
Se há alguma coisa pior do que entrar em coma, é a pessoa não estar em coma e os médicos julgarem que a pessoa está em coma. Este estudo comparou vários métodos para detectar o nível de consciência das pessoas e demonstrou que cerca de 40% dos pacientes diagnosticados como estando no estado vegetativo, estavam, na verdade, num estado alterado de consciência designado por paralisia do sono ou minimamente consciente.
omne@sapo.pt