segunda-feira, 25 de abril de 2011

ELES CONTINUAM A COMER TUDO… E NÃO DEIXAM NADA…



Trinta e sete anos depois da revolução de todos os ideais e todas as promessas, o estado social do País é cada vez mais confrangedor e preocupante.
Não é necessário repetir números oficiais e declarações de diversos responsáveis por Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) para nos apercebermos da autêntica “pandemia” de desigualdade e injustiças que está a afectar a sociedade portuguesa.
Muito menos é preciso aterrar em Lisboa qualquer “Troika” (como este nome me é familiar…) para sabermos que os números do desemprego e da fome, tantas vezes envergonhada, continuam a subir em flecha. Quando não a sentimos na nossa própria casa é na casa do vizinho ou no bairro próximo (e não faltam por aí Bairros da Horta da Areia).
Só não vê quem não quer, sabe-se lá com que interesses. Vemos – Ouvimos e Lemos, não Podemos Ignorar, apesar de também na área da Comunicação Social, como canta Chico Buarque de Holanda, “a coisa aqui está preta”.
O saudoso Zeca Afonso continua igualmente actual: “Eles comem Tudo e Não Deixam Nada”.
Pior ainda quando se sabe que o FMI, instituição que compõe a “TROIKA”, lucra milhões com o que empresta, através dos juros, incentivando aos despedimentos e outros cortes sociais nos países intervencionados. Veja-se o que se está a passar na Irlanda e Grécia.
O Presidente da República, Cavaco Silva, até reconheceu recentemente que as desigualdades sociais são vergonhosas. “Sopas depois de jantar”, ou, “chorar sobre o leite derramado”, são frases populares que assentam muito bem.
Certamente não acreditarão os nossos políticos, seja qual for a sua cor, que o “Zé Pagode” pensa que os culpados de toda esta (des)governança podem ser encontrados só nos últimos anos, como se as promessas dos sucessivos governos nestes 37 anos não tivessem existido.
Se falarmos na juventude, activo de esperança para qualquer País, é preciso não esquecer, só a título de exemplo, que muitos pais já não têm dinheiro para pagar a renda da casa, água, luz e comida, quanto mais para que os filhos tirem um curso superior. Como antes, cada vez são mais os privilegiados, ainda por cima alguns milhares de formados têm de procurar, anualmente, colocação no estrangeiro.
Que futuro para um País que cada vez está mais velho e ainda cria condições para o êxodo dos seus jovens?
Os bancos alimentares contra a fome e IPSS´s já nem têm mãos a medir. Quem dá cada vez pode dar menos e os sacos vão cada vez menos cheios para as casas dos mais necessitados.
Quanto à população mais idosa, os tais que nem para os medicamentos têm dinheiro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a população com mais de 65 anos representava 17,1% em 2005, mas as projecções do INE para 2008-2060 prevêem que, em 2060, residam no país 271 idosos por cada 100 jovens, mais do dobro do valor projectado para 2009 (116 idosos por cada 100 jovens).

Mais palavras para quê? Digo eu, cada um de nós, sem nos esquecermos que o que temos de mais certo é chegar-mos a velhos (se Deus não nos levar antes), sejamos ricos ou pobres, muito - pouco ou nada poderosos, certamente que nessa altura não desejamos ser tratados como “trapos” velhos, cujo destino é o lixo, depois de termos dado o melhor pelo nosso País. Que tristeza!
Quando as desigualdades sociais são tão abismais, quando falta o pão na mesa, dinheiro para colocar os filhos na escola, vendo o do lado instruir-se e subir na vida, só porque os pais têm dinheiro e cunhas (como antes), a Democracia está em risco, pois não enche barriga, até porque a Liberdade se transforma numa “Liberditadura”, gerida só por e para alguns, também como antes!
Apesar de tudo, acredito nos valores pelos quais sempre lutei e continuo a lutar, transmitindo-os aos meus filhos e a quem me rodeia, por isso, Viva Portugal, Viva a Democracia – Abril Sempre!!!
Manuel Luís