sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Miguel Freitas reconhece 2001 como ano muito exigente para o Governo e apela ao consenso regional em defesa do Algarve




Este é o ano para o Partido Socialista (PS) e o Governo darem provas de eficácia, tanto nas respectivas opções, como na capacidade de concretização política, considerou hoje o Presidente do PS Algarve, Miguel Freitas que, durante o jantar tradicional de inicio de ano, apontou duras críticas à oposição e reclamou maior seriedade por parte dos dirigentes regionais do PSD em matérias de interesse estratégico para a região, como a regionalização, portagens, economia e desemprego.
“Este ano o PS está à prova, tanto nas suas opções, como sua capacidade de concretização política, pois são precisos resultados, sem nenhuma margem de erro”, referiu o líder do PS Algarve, para quem, mais do que uma prova de eficácia, o PS e o Governo enfrentam em 2011 uma prova de enorme resistência, perante “uma direita cujo único objectivo é chegar ao poder e uma esquerda que protesta apenas para capitalizar dificuldades e descontentamentos”.
“A tudo isto, o PS tem de resistir, sempre com os olhos postos no País”, frisou Miguel Freitas perante várias dezenas de dirigentes socialistas reunidos num encontro onde, apesar de reconhecer as dificuldades actuais com que o País e a região se defrontam, apelou à coesão de esforços vindos dos mais diversos quadrantes políticos e sociais, que permita aplicar um verdadeiro choque de adrenalina ao Algarve.

Regionalização: um apelo ao consenso
Acção é aliás a palavra-chave para um ano que se apresenta “exigente no que concerne à actividade política, económica e social”, tendo o líder socialista e também Deputado, apontado a regionalização como uma das questões capitais para o desenvolvimento concertado do Algarve, reiterando a sua posição quanto à realização de um referendo. Matéria em que, admite, o próprio PS não tem uma posição “totalmente esclarecida”.
“O PS não pode continuar enredado num equívoco constitucional. É verdade que na sua proposta limpou o duplo referendo e retirou o cariz vinculativo da consulta. Fez avanços muito consideráveis. Mas creio que o referendo à regionalização inscrito na constituição não tem sentido. Esperamos que esta revisão constitucional seja o ponto de partida para a concretização da regionalização”, frisou Miguel Freitas, para quem, nesta matéria “o Algarve tem uma palavra a dizer”.
Apesar de reconhecer a existência de um forte consenso regional em torno desta questão, o Deputado algarvio receia a “falta de preparação e de conhecimento” sobre a matéria revelados pelo Líder do PSD, que poderá sugerir uma mudança de abertura, tendo reafirmado por isso que a regionalização traz racionalidade nos serviços e na despesa pública.
“Pode-se fazer mais com menos dinheiro. É uma questão de opção. Regionalizar e reformar a administração são processos convergentes e Pedro Passos Coelho deveria saber e defender isso”, criticou Miguel Freitas, para quem a regionalização é o “caminho mais rápido para o País responder à crise social e ao desemprego”, preconizando por isso a reunião de forças, argumentos e vontades dos algarvios em torno desta questão.

Portagens: sem alternativa não deve haver portagens em pleno
Um entendimento geral que deve estender-se também à discussão sobre a introdução de portagens na Via do Infante, outra questão que, segundo o líder regional dos socialistas, marcará a agenda política e a vida dos algarvios em 2011.
Rejeitando os “joguinhos de sombras” protagonizados pela Distrital do PSD, Miguel Freitas reconhece que a decisão sobre esta medida foi “difícil” para o PS Algarve, mas prefere pagar o respectivo custo a manter o discurso da hipocrisia, tendo apelado ao consenso regional para que o pagamento de portagens por parte de residentes e empresas algarvias seja adiado até à conclusão das obras de requalificação da EN 125.
“Enquanto não houver alternativa plena, não deve haver portagens em pleno. É possível ser sério e defender o adiamento do pagamento de portagens”, defendeu Miguel Freitas, sublinhando que uma posição regional daria força ao esforço que o PS Algarve tem feito nesse sentido junto do Governo.
“Estamos disponíveis para discutir esta questão com as forças políticas e sociais, pois temos coisas a ganhar neste processo”, referiu, para defender a requalificação da própria Via do Infante, através de um programa de investimentos que garanta a melhoria da plataforma e das condições de segurança, comprometendo a respectiva concessionária com a realização destas obras.
Apontando o Hospital Central do Algarve como outra questão que dominará a agenda política na região, Miguel Freitas garantiu que o Governo “está absolutamente determinado” na sua construção, estando cumpridos todos os procedimentos concursais para o efeito, faltando fechar o processo e aguardar pela resposta positiva do Banco Europeu de Investimentos para o seu financiamento.

Economia e situação social: a criação de uma plataforma regional
Salientando que 2011 será ainda um ano em que as fragilidades estruturais da economia regional ganharão ainda maior expressão, sobretudo ao nível do desemprego, Miguel Freitas lembrou que em Dezembro de 2010 os desempregados inscritos na região atingem os cerca de 28.000, tendo sido pagos subsídios de desemprego durante o ano mais de 100 milhões de euros, valor que, em apenas dois anos, duplicou no Algarve.
“São números que nos devem fazer reflectir sobre a capacidade actual da economia regional para crescer e gerar emprego bem remunerado. É necessário rigor para olhar para esta terrível realidade e procurar soluções”, preconiza o Presidente do PS Algarve, para quem esta é uma região endividada e dependente dos choques cíclicos sobre o sector do turismo, bem como do investimento externo e do Estado, com uma economia anémica e de fracos investimentos público, central e local.
“O Algarve tem de reagir. Inicia-se agora a discussão da futura política de coesão e de desenvolvimento regional e não podemos ficar de fora do essencial dos fundos comunitários que chegarão a Portugal em 2013 até 2020”, frisou Miguel Freitas, para defender um conjunto de soluções que mobilizem as forças internas da região.
Miguel Freitas preconiza a criação de uma “plataforma regional” que reúna partidos políticos, organizações autárquicas, empresariais, sindicais e sociais, bem como instituições de ensino superior e formação profissional, para promover uma reflexão profunda sobre o presente e o futuro do Algarve, num compromisso sério de todos, reunidos num esforço de diálogo, mas acima de tudo de acção.

Presidenciais: o apoio a Manuel Alegre
No âmbito nacional, a necessidade de uma capacidade de resposta aos compromissos internacionais e a libertação da pressão dos mercados financeiros, para fazer crescer e dar uma dimensão cada vez maior à capacidade exportadora da economia constituem, para Miguel Freitas, os principais desafios que se colocam ao País, cuja credibilidade, na opinião do líder regional, depende da estabilidade e da maturidade democrática.
“O PS tem mandato para uma legislatura e não será por nós que haverá uma crise política. Assumiremos a nossa responsabilidade com determinação e tudo faremos para manter um apoio político na Assembleia da República e um apoio social às difíceis medidas que têm de se implementar”, garantiu o Deputado algarvio que, realçando a importância da figura do Presidente da República na persecução destes objectivos, questionou as verdadeiras intenções de Cavaco Silva quanto à sua participação numa eventual crise política e apelou a um apoio incondicional à candidatura de Manuel Alegre.
“Temos de eleger outro Presidente da República e Manuel Alegre será, certamente, o candidato da estabilidade, aquele que tem valores democráticos mais arreigados, não foge às questões incómodas, não esconde o que não concorda e com grande sentido institucional defende os valores da esquerda moderna e da economia social de mercado”, defendeu Miguel Freitas, sustentando que o candidato apoiado pelo PS é o único capaz de derrotar Cavaco Silva, sendo por isso necessário “ir à luta”.