quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"HÁ REGRAS DEMOCRÁTICAS QUE NÃO ESTÃO A SER RESPEITADAS EM FARO" - JOSÉ VITORINO


O líder do movimento Cidadãos com Faro no Coração (CFC), José Vitorino, ex-presidente da Câmara de Faro, numa conferência de imprensa de "balanço do 1º. mandato" do actual executivo, acusou ontem Macário Correia, edil farense, de "abuso de poder" e de "ofensas e difamações, prepotência, perseguição aos munícipes, mentiras e manipulações, compadrio partidário e dificuldade em lidar com as regras democráticas". "Há regras democráticas que não estão a ser respeitadas em Faro", salientou Vitorino, para quem Macário é um "vendedor de ilusões".
Na Assembleia Municipal (AM) o presidente recusa-se a responder às perguntas e inquirições da oposição, dizendo que não o faz porque não são construtivas. Nem na Assembleia Nacional se dizia isto, com este descaramento todo", afirmou o líder CFC, criticando ao mesmo tempo a actuação do presidente da AM, o socialista Luís Coelho, de "perguntar ao presidente (da Câmara) se coloca ou não à votação as propostas apresentadas".
Ainda com o PS como alvo, José Vitorino admitiu "não compreender a posição dos socialistas quando criticam o Plano de Reequilíbrio Financeiro e depois o deixam passar através da abstenção", sabendo-se que "depois têm de aprovar o empréstimo". Uma situação financeira complicada, como explica Vitorino: "Juntando aos 48 milhões do empréstimo os 38 milhões da dívida existente, a Câmara fica com mais de 150 milhões de euros para pagar".
“Em vez do paraíso prometido pelo candidato que se apresentou como salvador, Faro está perante um inferno. É o principal responsável por um enorme embuste eleitoral", sublinhou José Vitorino, que acusou Macário de ter dito "mentiras aos molhos" na apresentação do plano de reequilíbrio Financeiro.
Praticamente sem se deter, o líder CFC continuou em tom muito crítico para com Macário Correia: "Perante uma situação financeira que conheciam em pormenor, o presidente e a maioria comprometeram-se com 200 medidas que satisfaziam as aspirações dos munícipes farenses. Agora, sem coerência e com despudor, desculpam-se com o que já sabiam".
Assim, "o balanço é de descalabro", enfatizou o ex-autarca farense, para quem a coligação PSD/CDS-PP, "em apenas um ano, já perdeu a legitimidade democrático-eleitoral, porque os eleitores foram enganados".
Para que não restem dúvidas, José Vitorino enumerou "doze pecados, sem perdão" e referiu-se a "mais de uma centena de actos graves" cometidos pelo actual presidente e respectivo executivo municipal, destacando a "destruição da estrutura da sociedade farense, através do estrangulamento das associações clubes e instituições de solidariedade social", bem como a "total ausência de consciência social".
Mas as acusações do ex-presidente passam igualmente pela gestão financeira da Câmara, considerando-a "incompetente e ruinosa", sustentando igualmente que houve um "aumento de despesas em 2010, em vez da redução apregoada", acrescentando ao rol de críticas "os custos acrescidos com os maus contratos com a Fagar, custo do comboio turístico na ilha sem passageiros e terrenos doados à Ambifaro, superiores aos dois milhões de euros que o executivo diz ter reduzido".
Ainda no que aos gastos diz respeito, o líder CFC vai mais longe nas criticas ao executivo liderado por Macário Correia: "Foram nomeados três comissários político-partidários para administrarem as empresas municipais, recebendo em conjunto anualmente cerca de 200 mil euros. O critério de escolha foi a distribuição de tachos a altos dirigentes do PSD e CDS ou familiares. É um imperativo que de imediato se demitam ou sejam demitidos".
Já sobre os apoios às juntas de Freguesia, José Vitorino não tem dúvidas em afirmar: "As Juntas de Freguesia, em vez da autonomia prometida são asfixiadas e ficam de mão estendida à espera dos apoios da Câmara, que são de ddireito".
Ciente que faro está transformada "numa cidade "impossível"", o ex-edil continua a não esquecer as ilhas, recordando: "Mantém-se o cutelo das demolições"