sexta-feira, 3 de setembro de 2010
CURSOS PROFISSIONAIS TRAVAM ABANDONO ESCOLAR DE 40 MIL JOVENS
ESTUDO DA UNIVERSIDADE PORTUCALENSE REVELA QUE METADE DOS ALUNOS MATRICULADOS ENTRE O 9º E O 12º ANO ADERIU AO ENSINO PROFISSIONAL
São mais de 40 mil os jovens portugueses a frequentar entre o 9º e o 12º ano de escolaridade que, por terem aderido a cursos profissionais ministrados no ensino secundário público, não terão abandonado prematuramente a escola, por opção ou por exclusão, nos últimos dois anos lectivos.
Esta conclusão é revelada por um estudo levado a cabo pelo Departamento de Ciências da Educação e do Património da Universidade Portucalense, sob a orientação da Professora Doutora Cláudia Teixeira, que acrescenta que hoje, metade dos alunos matriculados entre o 9º e o 12º ano frequentam as vias profissionais.
“Desta investigação resultou a convicção de que o Ensino Profissional tem fortes possibilidades de se tornar um veículo promotor do sucesso escolar, pois permite aos alunos desenvolverem os seus talentos individuais e contribuir para a diminuição das taxas de abandono escolar”, refere Ana Maria Cortez, Investigadora no âmbito do Mestrado em Administração e Planificação da Educação da Universidade Portucalense.
Com o objectivo de determinar a atractividade dos cursos profissionais junto dos jovens e de verificar as saídas profissionais proporcionadas por esta modalidade de ensino, a investigação procedeu a um estudo de caso junto de um grupo de 24 ex-alunos de cursos profissionais da Escola Secundária de Ermesinde, do qual resultaram as seguintes conclusões:
A totalidade dos inquiridos indicou estar satisfeita com o currículo dos cursos, enaltecendo a sua versatilidade e cariz teórico-prático;
Empregabilidade - 63% iniciaram uma experiência de trabalho logo após a conclusão do curso e, destes, 25% na mesma área de estudo;
37% dos alunos prosseguiram os seus estudos, ingressando no Ensino Superior;
A obtenção de uma dupla certificação – académica e profissional – foi por todos enaltecida como uma mais-valia, por lhes permitir, simultaneamente, prosseguir estudos e/ou iniciar a sua vida de trabalho
Por sua vez, também os responsáveis das entidades formadoras externas destes alunos, salientaram estarem receptivos à sua empregabilidade nas instituições de que são responsáveis, reconhecendo a necessidade no mercado de trabalho destes técnicos de qualificação intermédia, que classificaram como “produtivos” e “com capacidade para resolver problemas com eficiência”.
“Esta avaliação feita por responsáveis e potenciais empregadores após terem tido uma experiência de colaboração escola-empresa é muito importante, pois significa a abertura a uma nova visão de escola, passando a encará-la como uma fonte de recursos humanos qualificados”, acrescenta Ana Maria Cortez.
Recorde-se que o Ensino Profissional foi implementado na Escola Pública em 2004, altura em que se iniciou uma reforma que viabilizou que as escolas secundárias da rede de oferta estatal pudessem diversificar a sua oferta formativa, oferecendo cursos profissionais de nível secundário idênticos aos desenvolvidos pelas escolas privadas.
Nos primeiros anos, esta medida foi implementada cautelosamente, tendo-se verificado uma “explosão” de matrículas de alunos nos cursos profissionais das escolas públicas em 2006, fruto da vontade política expressa na Iniciativa Novas Oportunidades.
pressmedia