quinta-feira, 3 de novembro de 2011

TOMA LÁ DÁ CÁ

OPINIÃO A prática regular da Vela Adaptada no Algarve (vela acessível a pessoas deficientes) teve as primeiras actividades na Praia de Faro no ano 2000 tendo-se concretizado em 2003 no Clube Internacional da Marina de Vilamoura CIMAV. Para que este projecto fosse viabilizado foi necessário adquirir embarcações especiais para o efeito (Access 2.3 ) que foram compradas na Austrália e patrocinadas pela Câmara Municipal de Loulé e Marina de Vilamoura, embarcações essas que ficaram registadas como propriedade da Associação Regional de Vela do Sul ARVS, tendo o CIMAV celebrado um Protocolo onde garantia o armazenamento e utilização das mesmas.
O espírito de voluntariado que assumi, bem como por parte dos colaboradores, foi determinante para viabilizar as actividades com os utentes da Associação Existir de Loulé que decorreram regularmente no ante-porto da Marina de Vilamoura entre 2003 e 2004. Posteriormente, por motivos de compromissos profissionais que impossibilitaram a continuidade da minha dedicação como monitor de vela voluntário no CIMAV, as embarcações Access 2.3 foram entregues ao Ginásio Clube Naval de Faro que começou a desenvolver actividades com pessoas deficientes no Centro Náutico da Praia de Faro. Recentemente, fui contactado por um elemento da Câmara Municipal de Loulé no sentido de comunicar a minha eventual disponibilidade para colaborar na reactivação da prática da Vela Adaptada em Vilamoura, tendo igualmente participado numa reunião com a Associação Existir onde me comprometi a elaborar um projecto, o que fiz. Desloquei-me então ao Clube Internacional da Marina e Vilamoura para apresentar esta intenção de retomar a prática da Vela Adaptada e para meu espanto confrontei-me com uma situação que considero incrível, aberrante e irresponsável que me deixou estupefacto. Foi-me comunicado por um elemento responsável do CIMAV que a actual Direcção da Associação Regional de Vela do Sul, ponderou entregar as embarcações Access 2.2 destinadas aos deficientes, a um particular ligado à vela como forma de “pagamento” por serviços prestados à ARVS e para os quais, ao que consta, a Associação não tina verba, tendo felizmente o CIMAV tomado uma decisão firme, fundamentada no Protocolo celebrado anteriormente e inviabilizado que tal “negociata” se concretizasse. Fiquei de tal modo consternado e desapontado com esta situação, dado que considero inadmissível o facto de sequer alguém pensar e ponderar uma atitude destas. Será que situações destas vão continuar a acontecer? Luís Nadkarni