sábado, 30 de abril de 2011

Conferência - OLHÃO: A «NEW YORK LUSA» DA INDÚSTRIA DE CONSERVAS DE PEIXE


A APOS organiza no dia 7 de Maio (sábado), 16h, na Sociedade Recreativa Olhanense uma conferência aberta ao público, de Joaquim Rodrigues, sobre a história da indústria conserveira em Olhão.
Joaquim Rodrigues é doutorado em História e fez a sua tese de mestrado sobre A Indústria de Conservas de Peixe no Algarve (1865-1945).
"A indústria de conservas de peixe foi durante muitas décadas das mais importantes do país. Em 1882 «parece já existirem 2 conserveiros franceses», um deles seria F. Delory em Olhão. Com capitais nacionais e estrangeiros a indústria de conservas de Olhão cresceu rapidamente em número de fábricas e, obviamente, em número de operários. A Primeira Guerra Mundial foi o momento do seu take-off (1914-1924). Dependente essencialmente dos mercados externos a indústria sofreu o impacto de crises, designadamente nos anos trinta. Perante as dificuldades as «forças vivas» conserveiras de Olhão movimentaram-se no propósito da sua resolução. Em 1931, Salazar, no âmbito do seu périplo pelos centros conserveiros do país, visitaria Olhão. Esta crise conduziu à intervenção do Estado Novo, plasmado no corporativismo (Grémios e Sindicatos Nacionais). Com a cartelização autoritária da indústria conserveira serão criadas várias instituições como o Consórcio Português de Conservas de Sardinha, em 27 de Agosto de 1932.
A Segunda Guerra Mundial foi um dos períodos mais faustos para a indústria conserveira, não pela quantidade exportada, mas pelos valores alcançados. As conservas de peixe – e o volfrâmio – estiveram no centro de uma guerra económica que teve como protagonistas, para além de Portugal, a Inglaterra e a Alemanha de Hitler. No seu bunker, em 1945, foram encontradas conservas portuguesas. O centro conserveiro de Olhão teve uma quota destacada de exportação de todas as espécies de conservas de peixe quer para a Inglaterra, quer para a Alemanha. Para ambos os produtos o «ouro nazi», produto do espólio confiscado aos judeus nos campos de concentração/extermínio, serviria para os pagar. Durante a II GM, conserveiros e os volframistas arrecadaram avultados lucros.
Após o fausto a decadência. Do imponente parque industrial – muitas dezenas de fábricas e milhares de operárias/os - conserveiro de Olhão pouco ou nada resta.

Doutor Joaquim Rodrigues

Professor de História