domingo, 20 de fevereiro de 2011

21 de Fevereiro-Dia Internacional da Língua Materna


Num momento em que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa continua a suscitar interessantes -e algumas bastante oportunas – discussões sobre as alterações impostas pelo novo tratado, apresentando, tanto os defensores da mudança como os seus mais acérrimos críticos, sólidos e justos argumentos que reforçam o verdadeiro valor de um idioma enquanto vector cultural da identidade de um povo, faz, mais do que nunca, todo o sentido assinalar o Dia Internacional da Língua Materna.
É com orgulho que reconhecemos ser o Português a sexta língua mais falada em todo o Mundo, calculando-se que seja utilizada por mais de 170 milhões de pessoas. Da importância da nossa língua deriva aliás, estou convicta, a acesa polémica em torno do já referido Acordo Ortográfico.
Uma polémica que não deixa de ser saudável e bastante útil à própria Língua Portuguesa, pois estimula-nos a paixão pelo nosso idioma e imprime-lhe novo dinamismo, seja qual for a grafia usada para continuarmos a escrever ou a reescrever as palavras. Porque este é mais um sinal de que a Língua Portuguesa está viva e continuará a fazer parte do universo das mais de seis mil línguas maternas faladas no nosso planeta, contribuindo assim para a diversidade linguística e cultural e o multilinguismo, objectivo que levou a Conferência Geral da Unesco a proclamar em 1999 este como o Dia Internacional da Língua Materna.
Mas num momento em que se esgrimam opiniões e rebatem argumentos sobre novos e velhos modos de escrever a Língua de Camões, valorizando-se assim o nosso Português, não nos devemos esquecer das muitas outras línguas maternas que vão caindo em desuso, estando à beira da própria extinção. Estima-se que sejam cerca de metade das actualmente existentes, o que significa uma perda irreparável, não apenas para a identidade cultural dos respectivos falantes, como para a capacidade de comunicação entre os povos. Uma comunicação tão valiosa quanto necessária. Porque necessário é, cada vez mais, entendermo-nos, todos nós, neste nosso pequeno-grande Mundo. Seja em que Língua for.

Isilda Varges Gomes

Governadora Civil de Faro