“Horizontes do Futuro”, 28 de Outubro, Loulé
No próximo dia 28 de Outubro, pelas 21h00, a socióloga Luísa Schmidt vai estar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Loulé para apresentar mais uma conferência integrada no ciclo “Horizontes do Futuro”, subordinada ao tema “Mudança climática, mudança social - uma reflexão ao Sul”.
Diz a conferencista: «Ainda há poucos anos, as alterações climáticas eram um assunto reservado a algumas elites científicas. Hoje o tema alcançou a consciência pública e está presente em todos os programas e agendas económicas, políticas, sociais e até religiosas. O quadro dos problemas é dramaticamente reconhecido (atmosfera, água, solos, biodiversidade…) e as suas implicações sociais, agravando todas as desigualdades, tornaram-se cada vez mais evidentes.
A demonstração científica dos limites planetários deixa muito pouca margem para dúvidas: já não é possível manter os níveis de crescimento económico baseados na exploração dos recursos naturais, nem há condições para expandir o modelo da sociedade de consumo ocidental tal como hoje o conhecemos. Esta situação requer um programa complexo: restaurar os sistemas ambientais e mobilizar as sociedades para a mudança. Se o restauro dos sistemas ambientais pode ser aventado na base do saber científico e tecnológico, já a mudança social - sobretudo num contexto de urgência e movida pelo voluntarismo (mesmo que esclarecido) - parece altamente problemática. Com efeito, as dimensões sociais das alterações climáticas têm recebido uma atenção crescente. As sociedades estão na origem do problema e a solução deste passa inevitavelmente por elas. Mas as mudanças sociais rápidas constituem um desafio político preocupante.
Como abordar fenómenos de vasta dimensão social como a erosão costeira e a pressão sobre os aquíferos? Como gerir territórios em contextos de mudança tão rápidos e tão profundos? Neste quadro, torna-se decisivo um conhecimento científico capaz de integrar dimensões naturais e sociais e uma abertura a novas vias de activação da cidadania».
Luísa Schmidt é socióloga e investigadora principal no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Dedica-se actualmente a duas áreas de investigação principais: Sociologia da Comunicação e Sociologia do Ambiente, em que se doutorou. No ICS-UL coordena a Linha de Investigação “Sustentabilidade: Ambiente, Risco e Espaço”. Integra o Comité Científico do Programa Doutoral em “Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável”, resultante de uma parceria entre as três Universidades de Lisboa (UL, UNL e UTL), cuja primeira edição se iniciou em 2009.
É membro do CNADS (Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) e do Working Group EEAC - European Environment and Sustainable Development Advisory Councils. Integra o Conselho Consultivo do Programa Gulbenkian Ambiente, FCG - Fundação Calouste Gulbenkian.
Faz parte da equipa de investigadores que criaram e montaram em 1996 o OBSERVA - Observatório Permanente de Ambiente, Sociedade e Opinião Pública, onde desenvolve vários projectos de investigação que articulam ciências sociais e ambiente. Principais projectos em curso: “CHANGE: changing climate, changing coast, changing communities – glocal erosion, risk conceptions and sustainable solutions in Portugal”; Netzero Energy School – reaching the community”; "Inquéritos Nacionais às Representações e Atitudes dos Portugueses face ao Ambiente e à Energia"; "Riscos Ambientais e Processos Mediáticos"; "Ecoline - Conhecer mais para Mudar melhor" e "Conflitos Urbanos da Água".
Entre as suas mais recentes publicações, destacam-se os livros "Educação Ambiental – balanço e perspectiva para uma agenda mais sustentável", com J. Gil Nave e J. Guerra; "Ciência e Cidadania - homenagem a Bento de Jesus Caraça", coord. com João de Pina Cabral; "País (in)Sustentável - Ambiente e Qualidade de Vida em Portugal"; "Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014) – Contribuições da sua implementação em Portugal (coord); “Autarquias e Desenvolvimento Sustentável - Agenda 21 Local e novas estratégias ambientais”; "Ambiente no Ecrã - emissões e demissões no serviço público televisivo".
