segunda-feira, 14 de junho de 2010

SCUT: Alargamento do pagamento de portagens ao resto do país rejeitada por utentes e autarcas



A possibilidade de alargamento do pagamento de portagens a todas as vias sem custos para os utilizadores (SCUT) é rejeitada por utentes e autarcas, no dia em que são publicados diplomas sobre o pagamento em três concessões.
O Diário da República publica hoje os diplomas que consagram as portagens nas concessões do Norte Litoral, Costa da Prata e Grande Porto.
Fonte das Comissões de Utentes Contra as Portagens nas autoestradas A23 (Guarda/Torres Novas) e A25 (Vilar Formoso/Aveiro) disse à Lusa que estão a acompanhar de perto a situação no país, admitindo avançar com protestos, caso a medida do Governo também contemple as duas vias.
“Os elementos que constituem as Comissões de Utentes reuniram há cerca de um ano e têm andado a discutir a possibilidade de por em marcha novas formas de luta, como tem estado a acontecer em outros locais, para contrariar a aplicação de taxas” naquelas duas SCUT, disse hoje à Lusa Honorato Robalo.
O responsável lembrou que durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas, o PS “assumiu o compromisso” de não introduzir portagens na A23 e A25 justificando tratar-se de “uma medida de discriminação política para com o interior do país”.
“Esperemos que esse princípio se mantenha”, assinalou, dando conta que os distritos abrangidos por estas duas autoestradas (Guarda, Castelo Branco e Viseu) possuem “um frágil tecido produtivo” que também seria afetado pela aplicação de portagens.
Por outro lado, assinalou qu e as vias alternativas às autoestradas, nomeadamente as estradas nacionais 16 e 18 “jamais poderão ser uma alternativa aos troços da A23 e A25”.
Mais a sul, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), Macário Correia, disse hoje não ver “qualquer condição honesta para a introdução de portagens na Via do Infante”, lembrando que “o governo sempre afirmou que a introdução de portagens em qualquer lado implica a existência de uma via alternativa”.
Macário Correia reiterou que a região “não tem via alternativa à Via do Infante, porque a Estrada Nacional 125 é uma rua sem qualquer condição para trânsito de longo curso”.
O presidente da AMAL e da Câmara de Faro frisou que “o Governo assumiu reiteradamente esse compromisso para com o Algarve, portanto violar esse compromisso seria faltar à palavra”.
Situação essa que seria, segundo o autarca, “naturalmente grave”, apesar de o executivo liderado por José Sócrates “já ter habituado a pensar uma coisa hoje e outra amanhã e a entrar em contradição sucessiva”, disse.
“Vamos aguardar os desenvolvimentos dos acontecimentos, mas é óbvio que o Algarve não tem nada a ganhar, só perde, em termos de turismo e de economia real, com a introdução de portagens na via do Infante. E seria a fuga a uma palavra e a um compromisso do Governo para connosco”, defendeu o social-democrata Macário Correia.
Lusa