segunda-feira, 29 de março de 2010

FESTIVAL DE TEATRO SUPEROU EXPECTATIVAS


RESPEITINHO

SALOMÉ

O GATO DAS BOTAS

FREI LUIS DE SOUSA

CASA DE BERNARDA

AUTINHO DA BARCA

ATTEMPT

AS VEDETAS

Ao longo de uma semana (21 a 28 de Março), Albufeira assistiu a 13 espectáculos, na maioria, estreias. O público acorreu em elevado número, tendo, no Dia Mundial do Teatro, superado todas as expectativas.
O Dia Mundial do Teatro, no passado Sábado, dia 27, foi um verdadeiro dia de festa do teatro em Albufeira. Acorreram ao Auditório Municipal cerca de 400 espectadores para assistirem à versão completa da mais notável peça de Federico Garcia Lorca, “A casa de Bernarda Alba”, pela c:T:c – Companhia de Teatro Contemporâneo, com a colaboração do Grupo Didgi – Teatro Laboratório, a quem a c:T:c ministra formação em teatro desde há um ano. De resto, o êxito repetiu-se em todas as estreias (oito, na totalidade), assim como nos restantes espectáculos, tendo o Festival T – Festival Internacional de Teatro registado, entre os dias 21 a 28 de Março, 3.756 espectadores, repartidos pelos 13 espectáculos.
Também as peças “Óscar e Salomé” (Óscar Wilde e Luísa Monteiro), “Attempt” (Amândio Cardoso) e “Pranto de Maria Parda” (Gil Vicente), registaram uma afluência de público extraordinária. Uma nota especial para a peça “Attempt”, de Amândio Cardoso, que tem a sua companhia de teatro em Budapeste e que, ao apresentar pela primeira vez em Portugal este seu trabalho, com nu integral e uso de linguagem ousada, sobrelotou a sala.
“Pranto de Maria Parda”, encenada por Luísa Monteiro e interpretada por Inês Colaço, trouxe uma nova visão do texto, ao dar preponderância ao lado trágico da personagem e ao enaltecimento da mitologia, com um cena de dádiva a Baco, deus das mulheres, do vinho e do teatro. “Óscar e Salomé” surpreendeu os espectadores pela “presença” do autor (Óscar Wilde, numa interpretação notável de Jorge Cabral), que logo antes de se abrirem as portas do Auditório, convidou todos os presentes para beberem champanhe com ele, dado que se tratava da estreia da sua “Salomé” - peça, que de resto, ia interrompendo, no seu estilo de “dandy”, pedindo a “Bosie” que melhorasse a tradução e fazendo alusões ao relacionamento amoroso entre ambos, assim como manifestando algumas das suas considerações filosóficas em torno da Beleza, do Amor e da Moral. “A casa de Bernarda Alba” foi um espectáculo que recebeu aplausos ao longo de 10 minutos, não obstante de ter tido uma duração de cerca de duas horas, Tratou-se da versão completa do texto, com interpretações notáveis, nomeadamente, a de Ana Sofia Brito, no papel de Bernarda, e de Soraia Carujo, como Adela. A emoção do público ficou ao rubro, tendo as 12 actrizes recebido uma verdadeira chuva de flores e manifestações de afecto por parte dos espectadores.
“Respeitinho que sou tua mãe”, uma peça que versa sobre a sexualidade na dita terceira idade, foi outro dos espectáculos que chamou a atenção do público e especialmente dos media. Questões como a sexualidade depois dos 60 anos, a homossexualidade na idade madura, o uso de produtos eróticos e outros aspectos, foram focados em pequenas cenas, criadas por 18 actores cujas idades oscilam entre os 67 e os 79 anos de idade, que optaram por terminar o espectáculo com a frase “estamos todos muito bem servidos de solidão, obrigado.” A peça é do Grupo Renascente, que recebe formação em teatro pela c:T:c. Contou as participações de Carlota, uma cadela que é mascote do grupo, Vânia Beliz (sexóloga) e o actor Tiago Guerreiro. “O Gato das Botas”, da c:T:c e “O Patinho Feio”, da Cia. Magia e Fantasia, atraíram mais de meio milhar de crianças, que saíram encantados do espectáculo, após um momento de contacto com o palco, com os actores e com os adereços.
O III Festival T terminou no Domingo, 28, com a apresentação da peça “Autinho da Barca do Inferno”, pelo grupo TALB – Teatro Primitivo de Albufeira, um grupo cuja média de idades ronda os 11 anos e que está a receber formação em teatro pela c:T:c. Os adolescentes apresentaram “Autinho da Barca do Inferno”, na versão original, incluindo todos os versos em latim. Foi uma peça de curta duração que deixou neste Festival a promessa de novos talentos para o teatro. Também este grupo recebe formação em teatro, desde Setembro de 2009 pela c:T:c.
Este Festival T foi apoiado pela Câmara Municipal de Albufeira e a organização esteve a cardo da c:T:c, que considera esta a melhor edição de sempre, superando largamente as expectativas iniciais. O fim do Festival compreende um workshop em Danças Tradicionais Japonesas para actores (29 e 30 de Março), a cargo da formadora Akémi-Guerri.