domingo, 7 de março de 2010

EDUCAÇÃO / ENSINO PÚBLICO: INDISCIPLINA ESTÁ A AUMENTAR A DECADÊNCIA NA ESCOLA PÚBLICA - SIPE


PROFESSORES JÁ NÃO CONSEGUEM RESPONSABILIZAR OS ALUNOS PELOS ACTOS DE DESORDEM
A indisciplina nas escolas públicas portuguesas está a preocupar sobremaneira o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) que aponta como a principal causa para a sua decadência.
Segundo o sindicato, os Professores estão a sentir cada vez mais dificuldades em responsabilizar os alunos pelos constantes actos de desordem que praticam nas escolas, tornando-a desinteressante, distante e, consequentemente, provoca a perda progressiva de alunos para o ensino privado.
“Há alunos que, diariamente e consecutivamente, são indisciplinados e afrontam tanto os Professores como os colegas, o que provoca um intenso desgaste nos docentes e prejudica o ritmo de aprendizagem de toda a turma, enquanto que, no ensino privado, se uma criança não se comporta adequadamente, os pais são responsabilizados”, refere Júlia Azevedo, Presidente do SIPE.
Na base deste problema, diz o SIPE, está a prática obsessiva de políticas economicistas por parte do Ministério da Educação (ME) ao longo dos últimos anos.
Para o sindicato, a combinação do desinvestimento no ensino com a sobrecarga horária a que os Professores estão sujeitos explica os últimos dados avançados pelo ME, relativos ao ano lectivo de 2007/2008, que dão conta de um crescimento do número de alunos do ensino privado de 15% para 18% nos últimos dez anos.
“Com a obsessiva adopção de políticas meramente economicistas, o ME não só não investiu na contratação de mais docentes, com o objectivo de recuperar alunos e de lhes proporcionar um ensino mais individualizado, como optou por aumentar a carga horária dos Professores, medidas que se traduziram numa clara perda de qualidade do ensino na Escola pública”, argumenta Júlia Azevedo.
A mesma responsável assegura que se a indisciplina nas escolas não abrandar, a escola pública vai continuar a perder cada vez mais alunos para o ensino privado, em virtude do clima de insegurança instaurado nas escolas, confirmando a tendência constatada nos últimos anos.
Recordando o elevado número de famílias que actualmente fazem um grande esforço financeiro para colocarem os filhos nas escolas privadas, o SIPE receia que a escola pública possa começar a ficar associada às classes mais pobres e desprotegidas.
“A continuidade das medidas implementadas contribui para a exclusão social e hipoteca da escola pública, criando duas classes bem distintas: a classe dos mais pobres, que não podem pagar o ensino privado, e a classe dos mais ricos”, conclui Júlia Azevedo.