quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Olhão: Exposição mostra dificuldades da pesca do bacalhau




Vário familiares e pescadores de então não faltaram à inauguração Francisco Leal aproveitou para experimentar o painel interactivo e descobrir as rotas da pesca do bacalhau

O edil olhanense à conversa com o velho lobo do mar da pesca do bacalhau, Manuel de Sousa. Tantas histórias....uma autêntica biblioteca viva.


O presidente da Câmara Municipal de Olhão, Francisco Leal, inaugurou, na segunda-feira à noite, 16 de Novembro, a exposição «Frota de Paz nos Mares em Guerra», que pode ser vista até 31 de Janeiro de 2010 no Museu da Cidade de Olhão.
Trata-se de uma exposição do Município de Ílhavo/Museu Marítimo de Ílhavo, que assinala o Dia do Mar, que ontem se comemorou e que conta a vivência dos homens do mar que andavam meses a fio embarcados à pesca de bacalhau, no perigoso mar do Atlântico Noroeste e em plena 2ª Guerra Mundial. Passavam precisamente pela rota da guerra submarina e no mesmo mar por onde navegavam os comboios de reabastecimento das forças aliadas.
Apenas dois navios bacalhoeiros portugueses foram torpedeados por submarinos – o ‘Maria da Glória’, de que podemos ver uma réplica na exposição, e o ‘Delães’. Nesta exposição, onde não falta um mapa interactivo que permite perceber as rotas feitas pelas embarcações e muitos recortes de jornais da época, podemos também descobrir os depoimentos de sobreviventes destes tempos difíceis, alguns deles pescadores do concelho de Olhão (Fuseta) que sobreviveram às tormentas.
Manuel Martins de Sousa, que recordou os tempos difíceis dessa vida no mar, ainda hoje reside na Fuseta e fez questão de contar algumas das experiências por que passou durante as 13 viagens que fez. Falou do medo, sempre presente nesses meses no mar, dos temporais, do nevoeiro que provocou a morte de alguns, perdidos no mar: “Na Terra Nova chegou a haver 12 dias seguidos de nevoeiro”, recorda. “Íamos para a pesca do bacalhau para darmos melhores condições de vida à família”, explicou o herói do mar, como lhe chamou o presidente da Câmara Municipal de Olhão, Francisco Leal, para quem “esta história recente é motivo de orgulho, feita de muitos esforços e sacrifícios”.
“A pesca do bacalhau era o sustento para muitas famílias deste País e desta terra. A Câmara Municipal de Olhão não deixará nunca de aproveitar estas ocasiões para assinalar o esforço destes homens”, garantiu o autarca. “Lembro-me de ver os pescadores da Fuseta irem à Capela despedirem-se de Nossa Senhora do Livramento. Tinham uma grande devoção. E depois, quando voltavam, iam agradecer o facto de terem regressado com saúde. São momentos importantes e a história de Olhão, do nosso concelho, também é feita destes actos heróicos. Praticamente durante seis meses estes pescadores viviam a bordo de um barco, o que obrigava a um esforço extraordinário”, enalteceu Francisco Leal, perante as muitas dezenas de pessoas que quiseram conhecer uma parte importante da história nacional e local.